Dom Phillips e Bruno Pereira: Polícia Federal prende principal suspeito de encomendar morte de jornalista e indigenista

A prisão de Rubens Villar Coelho entra em conflito com a informação preliminar da PF, que, em 17 de junho, descartou a participação de um mandante no assassinato

No início de junho, o desaparecimento e eventual assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips chocou o Brasil. Pouco mais de um mês após o ocorrido, a Polícia Federal confirmou a prisão do principal suspeito de encomendar o assassinato da dupla, que visitava a região do Vale do Javari, no Amazonas.

Segundo informações do UOL, a PF apreendeu o peruano Rubens Villar Coelho, mais conhecido como “Colômbia”, nesta quinta-feira (7). O suposto mandante do crime contra Dom e Bruno já era investigado por suspeita de tráfico e compra ilegal de pescado. A prisão em flagrante foi realizada pela delegacia de Tabatinga (AM) e o suspeito foi encontrado usando documentos falsos.

Bruno Araújo e Dom Phillips estavam desaparecidos desde 5 de junho. (Foto: Reprodução)

Durante coletiva de imprensa realizada na manhã de hoje (8), o delegado da PF no Amazonas, Eduardo Fontes, revelou que “Colômbia” negou estar envolvido no duplo homicídio. A suspeita das autoridades é de que o peruano comandava um esquema de compra de pescado ilegal e o exportava para lavar dinheiro do tráfico de drogas produzidas no Peru e na Colômbia. Após a apreensão, a polícia solicitou a prisão temporária de Rubens para ganhar tempo para aprofundar as investigações.

Ainda nesta sexta-feira, venceu o prazo das prisões de Amarildo da Costa de Oliveira, o Pelado (que confessou estar envolvido na morte da dupla); Oseney da Costa de Oliveira, o Dos Santos; e Jefferson da Silva Lima, o Pelado da Dinha — todos os três suspeitos de participação no assassinato. A PF apontou que a Justiça decidirá a qualquer momento sobre o pedido de prisão preventiva do trio.

Nesta quinta (7), a Comarca de Atalaia do Norte (AM) transferiu a liderança do caso para a Justiça Federal, que, até o momento, não se manifestou. A juíza Jacinta Silva dos Santos apontou o motivo por trás da decisão. “A competência da Justiça Federal ocorre toda vez que a questão versar acerca de disputa sobre direitos indígenas”, afirmou. “Declino da competência em favor do Juízo Federal da Subseção Judiciária de Tabatinga/AM, de modo que determino a remessa dos autos e dos seus apensos e incidentes ao Juízo competente”, acrescentou Jacinta.

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Investigação descartou mandante

A indicação de um responsável entrou em conflito com a informação preliminar da PF, que, em 17 de junho, descartou a participação de qualquer organização criminosa ou mandante por trás dos assassinatos. Na época, a PF emitiu nota afirmando que, apesar dos suspeitos (Pelado, Dos Santos e Pelado da Dinha) presos “não terem um mandante”, o inquérito ainda estava em meio ao processo de confirmar ou descartar o envolvimento de outros indivíduos no crime. “Com o avanço das diligências, novas prisões podem acontecer”, afirmou.

Até ontem, a investigação da PF havia chegado nos três suspeitos, mas apenas um deles, o pescador Amarildo da Costa Oliveira, confessou autoria no duplo homicídio. Ele foi apreendido, em flagrante, no dia 7 de junho, por porte de munição de uso restrito. Mais tarde, o suspeito admitiu, voluntariamente, a autoria do crime e então compartilhou detalhes do assassinato.

Amarildo da Costa Oliveira confessou a autoria do crime, mas afirmou ter contado com a ajuda de outras pessoas. (Foto: Reprodução/g1)

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Segundo reportagem publicada pelo UOL, Amarildo esquartejou e enterrou os corpos e afirmou ter contado com a ajuda de outras pessoas em depoimento. Foi ele quem guiou a PF até os corpos, que estavam a mais de três quilômetros da área do crime. O delegado Eduardo Alexandre Fontes, superintendente regional da PF no Amazonas, revelou que Dom e Bruno teriam sido perseguidos por criminosos em uma lancha. Durante a perseguição, os responsáveis pela tragédia chegaram a realizar “disparos de arma de fogo” contra o jornalista e o indigenista.

Foi constatado, então, que a morte de Dom foi causada por “traumatismo toracoabdominal” por disparo de arma de fogo. A munição utilizada é típica de caça, com múltiplos balins, e causou lesões principalmente sediadas na região abdominal e torácica do britânico. Bruno, por sua vez, sofreu os mesmos ferimentos e, ainda, traumatismo craniano. O indigenista teria levado dois tiros no tórax, um no rosto e outro no crânio.