A dona de uma clínica de estética de Goiânia, Grazielly da Silva Barbosa, que foi presa após a influenciadora Aline Maria Ferreira fazer um procedimento no bumbum e morrer, se apresentava como biomédica, mas nunca cursou biomedicina, segundo a polícia.
A delegada Débora Melo, da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor de Goiás, informou para a CNN que Grazielly chegou a cursar medicina no Paraguai, mas trancou o curso antes de se formar. “O que ela nos falou é que ela cursou até o terceiro período de medicina numa faculdade do Paraguai, mas ela trancou há três anos”, disse a delegada.
“Além disso, o que ela fez foram cursos livres na área da estética. Ela elencou alguns cursos que ela fez, mas não apresentou diploma nem certificação. Então, é uma pessoa que não tem nenhum nível superior na área da saúde e não apresentou nenhuma certificação de habilitação técnica para realizar esses procedimentos”, continuou.
A delegada afirmou que mesmo que Grazielly tivesse um diploma de biomedicina, não poderia realizar o procedimento que fez em Aline: a aplicação de polimetilmetacrilato, também conhecido como PMMA. “A própria Anvisa fala que o PMMA é um produto com grau máximo de risco. E o fabricante também determina que apenas médicos treinados podem utilizar o PMMA”, declarou, acrescentando que a Anvisa não autoriza a aplicação do produto para aumento de volume dos glúteos.
A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia interditou a clínica de Grazielly nesta quarta (3). Em nota, a secretaria afirmou que o estabelecimento foi interditado pela vigilância por falta de alvará sanitário e de apresentação de responsável profissional com habilitação técnica. Na mesma operação, a Polícia Civil de Goiás prendeu Grazielly por crimes contra as relações de consumo. De acordo com a polícia, ela vai responder por exercício ilegal da medicina e vai ser investigada por lesão corporal seguida de morte.
De acordo com a delegada, mesmo depois das intercorrências envolvendo o caso da influenciadora, a clínica estava funcionando normalmente: “A notícia que nós tínhamos é que depois da internação da Aline, a proprietária da clínica tinha encerrado o contato com a família e estava meio que se escondendo, tinha desativado redes sociais. Então nós não esperávamos encontrá-la na clínica”.
Segundo as investigações, a influencer não passou por nenhum exame antes do procedimento. “Quando fazemos fiscalizações em clínicas, é comum que nós apreendamos prontuários de pacientes. Lá não tinha prontuário de paciente nenhum. Ou seja, a pessoa simplesmente chegava, pagava, fazia o procedimento e ia embora. Não tinha prontuário de anamnese do paciente para saber se o paciente tinha alguma condição clínica prévia que pudesse gerar algum problema depois do procedimento. Não eram requisitados exames prévios na realização do procedimento”, destacou a delegada.
Morte da influenciadora
A influenciadora digital Aline Maria Ferreira da Silva, de 33 anos, morreu no Distrito Federal, nesta terça-feira (2), após fazer um procedimento estético para aumentar os glúteos. Ela passou pelo procedimento no dia 23 de junho, e recebeu uma aplicação de 30ml de PMMA em cada glúteo. Aline pagou R$ 3 mil para fazer a aplicação.
O marido disse que o procedimento foi feito pela dona da clínica de Goiânia. A mulher chegou, inclusive, a visitar Aline em Brasília quando ela passou mal e foi levada para o hospital. Segundo ele, a dona da clínica negou ter aplicado PMMA em Aline e disse que usou “um bioestimulador”. Em outro momento, por telefone, a mulher disse que Aline poderia ter pego uma infecção no lençol de casa. Clique aqui para saber detalhes.
Aline era mãe de dois filhos. A influenciadora tinha quase 44 mil seguidores no Instagram e se apresentava como modelo fotográfica.