Hugo Gloss

Em áudio, influenciadora cobra R$ 80 mil para divulgar “Jogo do Tigrinho”, mas diz que não quer jogar: “Perco e fico frustrada”; ouça

A Polícia Civil teve acesso a áudios em que influenciadores dão detalhes de como funciona a divulgação do “Jogo do Tigrinho“. Um deles, publicado pelo g1 nesta terça-feira (18), é de Mylena Verolayne, influenciadora com mais de 1 milhão de seguidores nas redes sociais.

No áudio, Mylena, que é alvo de operação policial contra divulgação de jogos de azar, cobra R$ 80 mil para divulgar o “Jogo do Tigrinho” no seu perfil. Porém, ela diz que não quer jogar, apenas simular a aposta. A gravação faz parte das investigações que resultaram na Operação Game Over, realizada nesta segunda-feira (17) em Alagoas.

No áudio, Verolayne deixa claro que quer uma conta “demo” para não correr o risco de perder dinheiro apostando em uma conta comum para jogadores. “Ao invés de eu sacar, vou jogar, perco, aí boto meu dinheiro, perco e fico frustrada, com crise de ansiedade. Não quero ter vínculo, não quero nem abrir conta. Isso está me criando muita ansiedade“, disse a influencer em trecho do áudio. O inquérito policial investiga se a prática se enquadra no crime de estelionato. Confira:

Na última sexta-feira (14), a Polícia Civil esteve na casa da influenciadora para cumprir um mandado de busca e apreensão. Ela teve carros, joias, dinheiro e celulares apreendidos, além da conta no Instagram bloqueada por ordem da Justiça. Depois disso, Verolayne criou uma nova conta, onde fez posts se defendendo das acusações.

Após o cumprimento de mandado de busca e apreensão, Verolayne divulgou um vídeo em suas redes sociais em que nega participação no esquema. “Eu não tenho nada a esconder e nem devo nada, não. Eu estou aqui para colaborar, então vai aparecer um monte de conversa, um monte de coisa distorcida. O tempo é o melhor remédio. Aguardem! Vocês, que gostam de mim, que acreditam em mim, aguardem. Tá bom?“‘, afirmou no vídeo divulgado nas redes sociais.

Verolayne também negou que usava conta “demo” para enganar os seguidores. Ela afirmou que deixava claro para seu público quando utilizava esse tipo de conta. Conta demo, minha gente, é uma conta demonstração. É uma conta que tem dinheiro para a gente ensinar. Eu usei muita conta demo. Eu já usei conta demo para ensinar vocês jogar“, disse. 

Usar conta demo é crime? Cai no crime de estelionato, porque é uma pessoa que está usando uma conta, mentindo, dizendo que ganhou sem ter ganho. Só que eu não faço isso, porque quando eu usei, eu avisei. Eu não engano vocês“, afirmou no vídeo. Assista:

 

No entanto, no áudio que compõe o inquérito policial, a influenciadora diz quanto cobra para fazer a divulgação e ainda admite que já teve prejuízos ao jogar nessas plataformas de aposta. “Estou cobrando R$ 80 mil por cinco dias com o link deles, se for fechar é isso. Não baixo nenhum centavo. Eles me dão uma conta demo porque eu peço pra menina jogar. Não estou nem querendo jogar, tive um prejuízo essa semana“, afirmou. 

Outra fase da operação foi cumprida nesta segunda (17), na casa de outros influenciadores com apreensão de carros de luxo como Ferrari, Porsche e Volvo. As investigações da Game Over começaram há oito meses.

O delegado Lucimério Campos, responsável pelo inquérito, explicou por qual crime os investigados podem ser indiciados.”Essa é uma prática disseminada hoje no Brasil e que muitos influenciadores alagoanos estavam cometendo crime de estelionato ao incentivar seus seguidores a praticar esse tipo de jogo que tem trazido uma verdadeira ruína nas finanças das pessoas”, disse ele.

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