O assassinato do pastor Anderson do Carmo foi o ápice de uma rede de crimes que acontecia há anos dentro da família de Flordelis, segundo apuração dos investigadores. Apesar de manter uma fachada de família grande e unida, a deputada federal e pastora cultivava intrigas entre os filhos, fato que ajudou a polícia na solução do crime.
Uma reportagem do “Jornal das Dez”, da GloboNews, dessa quarta-feira (26), revelou o depoimento dado por um dos filhos adotivos da parlamentar. No relato, o homem apontava outros absurdos cometidos por ela, entre eles, o oferecimento de algumas das mulheres da casa a pastores estrangeiros como favor sexual.
O homem disse que passou a morar com a família na casa do bairro Rio Comprido, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Logo que se mudou para lá, a testemunha recordou que Flordelis visitou seu quarto e eles tiveram relações sexuais. O relacionamento físico continuou, primeiro constantemente e, depois, de forma esporádica, até ele começar a namorar sua atual esposa, uma frequentadora do Ministério Flordelis na época.
O depoimento divulgado pela polícia ainda relata uma ocasião em que a deputada federal recebeu pastores pentecostais estrangeiros. Segundo a testemunha, os religiosos eram negros e falavam francês. Eles vieram visitar o Ministério e ficaram hospedados na casa dela. Foi aí que Flordelis ofereceu, de forma sexual, as mulheres da casa para os religiosos “como forma de recepção”, segundo descrito pelo filho, que acompanhou tudo de perto até sair de casa em 2000, quando se casou.
Como prova de seu testemunho, o homem contou a vez em que sua esposa achou um caderno em que ele havia escrito coisas relacionadas ao que viveu na casa de Flordelis, os cultos e, inclusive, seu relacionamento com ela. De acordo com ele, a mulher ficou furiosa e, por isso, ele cortou de vez as relações com a mãe e o resto da família.
Entenda o Caso
Um ano e dois meses após a morte do pastor Anderson do Carmo, as investigações concluíram que a viúva dele, a deputada federal Flordelis, foi a mandante do assassinato. Na segunda-feira (24), equipes da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá (DHNSGI) e do Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro cumpriram 11 mandados de prisão e outros de busca e apreensão contra a deputada, filhos e neta do casal e outros familiares.
Segundo a denúncia, Flordelis planejou o homicídio e foi responsável por arregimentar e convencer o executor direto e demais acusados a participarem do crime. A parlamentar também financiou a compra da arma e avisou da chegada da vítima no local em que foi executada. Ela foi indiciada pelo crime de homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio, falsidade ideológica, uso de documento falso e organização criminosa majorada.
No entanto, como tem imunidade parlamentar, a pastora não será presa agora. O processo de cassação de seu cargo já está em andamento. Na próxima semana, o planejamento do presidente da câmara, Rodrigo Maia, é reunir os líderes partidários e a mesa diretora para definir o que fazer. Após o Conselho de Ética analisar a situação, o caso vai para votação no Plenário da Câmara e, então, com a maioria de votos, 257, ela pode ser cassada.
Por enquanto, outras pessoas já foram levadas pela polícia: Marzy Teixeira da Silva, filha adotiva do casal, Simone dos Santos Rodrigues, filha biológica, André Luiz de Oliveira, filho adotivo, Carlos Ubiraci Francisco Silva, filho adotivo, Adriano dos Santos, filho biológico, Rayane dos Santos Oliveira, neta, o ex-PM Marcos Siqueira e a esposa dele, Andreia Santos Maia. Saiba todos os detalhes, clicando aqui.