No domingo (10), o médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra foi preso em flagrante pelo estupro de uma mulher grávida durante uma cesariana. Nesta segunda-feira (11), um dia após o caso, novas denúncias vieram à tona, incluindo um relato do marido de uma suposta vítima.
Em um dos depoimentos colhidos pela Delegacia de Atendimento à Mulher de São João de Meriti, divulgados pelo g1, o parceiro de uma das supostas novas vítimas (que não teve sua identidade revelada) afirmou ter sido retirado do centro cirúrgico por Giovanni Quintella, antes mesmo da conclusão do nascimento de seu filho. “O rapaz que dá anestesia mandou eu sair na metade. Eu não tinha visto nem a criança e minha esposa já tinha dormido”, detalhou.
O homem reconheceu o anestesista imediatamente, pela televisão, após a repercussão do estupro na mídia. “Quando eu bati de frente na televisão era ele. Já com esse caso. Muita raiva. A gente tá ali confiando nos médicos e acontece uma coisa dessas”, lamentou.
Mulher achou que era uma alucinação
Uma outra família, também supostamente vítima de Giovanni, se pronunciou contra o anestesista. Segundo a mãe de uma grávida, que fez um parto acompanhado pelo médico no dia 6 de julho, a filha chegou no quarto com o rosto sujo de uma substância branca não identificada. A mãe, que também preferiu denunciar Giovanni anonimamente, relembrou que a filha falou sobre o que aconteceu com ela ainda no centro cirúrgico. A paciente, porém, achou que o abuso não tivesse passado de uma alucinação.
“A minha filha foi uma das vítimas desse monstro. Quando ela veio para mim, ela tava com o rosto todo sujo. Eu pedi pra irmã dela para passar um lenço umedecido. Eu só sei dizer que ele vai ter que pagar pelo que ele fez”, desabafou. “Quero justiça. Minha filha tá com depressão, pelo o que ela passou lá dentro. Ela falou: ‘Mãe eu acho que eu tive uma alucinação, não é possível’. Ela veio para mim pro quarto e ficou dormindo o dia todo. Eu não entendi por que ela estava toda mole”, relembrou.
Desde a prisão, que aconteceu após o flagrante em vídeo, a polícia investiga se Giovanni cometeu mais dois estupros, ambos no domingo (10). No caso relatado pelas enfermeiras, o anestesista aguardou o acompanhante da mulher deixar a sala com a criança recém-nascida para cometer o crime.
É importante lembrar que os serviços de saúde do SUS, tanto da rede própria ou conveniada, são obrigados a permitir à gestante o direito a acompanhante durante todo o período de trabalho de parto e pós-parto. Este acompanhante é indicado pela mulher, podendo ser o pai do bebê, o parceiro atual, a mãe, um amigo ou outra pessoa de sua escolha. A paciente pode optar, também, por não ter acompanhante.
Relembre o caso
O anestesista Giovanni Quintella Bezerra foi preso em flagrante no Rio de Janeiro após estuprar uma paciente que passava por uma cesárea. De acordo com a polícia, a mulher estava dopada quando o abuso ocorreu.
De acordo com informações do g1, funcionários do local começaram a desconfiar da conduta do médico por conta da quantidade de sedativo que ele aplicava nas grávidas. O anestesista foi preso em flagrante após colegas entregarem à polícia uma filmagem dele colocando seu pênis na boca de uma paciente que estava inconsciente.
A cena se dava a menos de um metro de onde a equipe hospitalar fazia o parto da mulher. Durante cerca de dez minutos, Giovanni permaneceu quase imóvel para que os outros não percebessem o que estava acontecendo. Ao final, ele ainda limpa a boca da vítima para remover vestígios do crime.
As enfermeiras que fizeram a gravação contaram ao g1 que trocaram propositalmente a sala em que aconteceria o procedimento. No mesmo dia, Bezerra já havia participado de outros dois partos em um local onde a filmagem seria inviável. Assista (Atenção, as imagens são fortes):
https://twitter.com/midiasso/status/1546486854752653312?s=21&t=0TmAectJ6yNa8q1FbNoGdg
O vídeo serviu de prova para a prisão em flagrante do anestesista. Giovanni Bezerra foi indiciado por estupro de vulnerável, cuja pena varia de 8 a 15 anos de reclusão.
Defesa se pronuncia
Em nota à imprensa, os representantes de Bezerra afirmaram que, até o momento, não tiveram acesso aos depoimentos: “A defesa alega que ainda não obteve acesso na íntegra aos depoimentos e elementos de provas que foram produzidos durante a lavratura do auto de prisão em flagrante. A defesa informa também que após ter acesso a sua integralidade, se manifestará sobre a acusação realizada em desfavor do anestesista Giovanni Quintella”.
Após o ocorrido, a direção do Hospital da Mulher Heloneida Studart informou que vai abrir uma sindicância interna para apurar as denúncias de estupro durante cesáreas realizadas na unidade. Já o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) abriu, nesta segunda-feira (11), um processo para expulsar Giovanni.
A Sociedade de Anestesiologia do Estado do Rio de Janeiro (SAERJ) também se manifestou e declarou repúdio à conduta do anestesista: “Esse tipo de comportamento é um completo absurdo e estamos confiantes de que as autoridades competentes irão apurar o que de fato ocorreu e punir o médico com todo o rigor, caso fique comprovado o crime”.