A empresária Viviane Lira Monte, de 24 anos, morreu após realizar seis cirurgias plásticas ao mesmo tempo na cidade de Sobral, interior do Ceará. De acordo com o g1, ela passou por procedimentos na barriga, nos braços, nos seios, nas costas e nos glúteos. A mulher teve complicações e precisou ficar internada, mas faleceu na última quinta-feira (26).
De acordo com os familiares, que confirmaram as informações ao portal da Globo, houve negligência médica, pois Viviane foi liberada apenas um dia depois das cirurgias. Em nota, a Polícia Civil declarou que “apura as circunstâncias de uma morte suspeita”. “O caso é investigado pela Delegacia Municipal de Sobral, unidade da PCCE responsável pela elucidação do caso”, acrescentou o texto.
Renan Santiago, companheiro da empresária, revelou que ela pagou cerca de R$ 40 mil pelos procedimentos após meses economizando o dinheiro. Ayrton Alcântara, amigo da vítima, contou que ela ficou internada por 20 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A mulher completaria 25 anos na sexta-feira, dia 27 de setembro, e faleceu um dia antes de fazer aniversário.
“Ela tinha esse interesse de fazer cirurgia plástica e andou procurando alguns médicos. Esse médico que ela encontrou fazia coisas que os outros médicos disseram que não seria possível fazer tudo junto. Ela fez muitos procedimentos ao mesmo tempo. Ela pesquisou alguns outros médicos, mas eles se recusaram a fazer tantos procedimentos”, explicou Ayrton.
Conforme ele, Viviane realizou uma mamoplastia redutora (redução de mama), lipoaspiração no abdômen, lipoaspiração nos braços, lipoaspiração nas costas, lipoaspiração no pescoço e lipoenxertia glútea. “Agora, depois de tudo o que aconteceu, a gente vê que nenhum médico faz tantos procedimentos de uma vez. E ele aceitou fazer”, observou o amigo.
“A gente não sabe ainda o que foi conversado com ela, qual sonho venderam, se houve um erro médico ou se foi uma fatalidade. O que a gente percebe é que nenhum outro médico faz tantos procedimentos de uma vez só o que reforça a nossa suspeita de que ele tenha sido imprudente, negligente e tenha, de certa forma, iludido ela de que isso daria certo”, salientou Ayrton.
As complicações pós-cirurgias
Viviane realizou as seis cirurgias no dia 31 de agosto, um sábado, e foi liberada no domingo (1°), por um médico plantonista. Ela já começou a sentir dores no estômago e na segunda-feira (2), passou mal e estava sem conseguir fazer xixi. Segundo a família, quando o quadro da empresária começou a se complicar, o médico que fez os procedimentos já não estava mais em Sobral.
Eles, então, ligaram para o profissional, que teria recomendado levar a mulher para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Viviane ainda teve outros sintomas, como desmaio e falta de ar. Na UPA, a situação se agravou e ela precisou ser levada para a UTI, onde teve uma parada cardíaca, mas foi reanimada. Porém, dias depois, os médicos chamaram a família, pois a vítima estava em estado grave.
Ela tomou bolsas de sangue, teve infecção por bactéria e fungos, a cirurgia nos seios chegou a abrir e teve secreção nos braços. Lira se manteve estável até o dia 25 de setembro, e posteriormente necessitou de uma cirurgia de urgência devido à piora do quadro. Entretanto, antes de passar pelo procedimento, ela teve duas paradas cardíacas, foi entubada, mas não sobreviveu.
Sonho que se transformou em tragédia
Ao g1, Renan contou que sua companheira tinha o sonho de realizar uma redução de mama há muito tempo. Nos últimos meses, ela estava se achando acima do peso, e também queria fazer uma lipoaspiração na barriga. A empresária começou a procurar um médico para realizar os dois procedimentos.
Ela, então, encontrou um profissional que concordou em realizar as duas intervenções. De acordo com o parceiro, a mulher teria sido convencida na consulta a realizar os outras cirurgias, e o médico teria dito a ela que não iria cobrar pela lipoaspiração no pescoço.
Além disso, Lira precisou fazer dieta para perder alguns quilos e realizar exames para comprovar que estava apta a se submeter às cirurgias. Renan afirmou que Viviane estava muito feliz por realizar um sonho. O casal estava junto há cerca de seis anos e tinha uma loja de roupas masculinas juntos.
Família denuncia médico e B.O aponta diagnóstico da vítima
Em comunicado, a Secretaria de Segurança Pública do Ceará informou que familiares de Viviane Lira registraram um boletim de ocorrência sobre o caso, denunciando o médico responsável pelas cirurgias por negligência. Ao g1, Renan chegou a criticar a postura do profissional.
“Pelo fato de ele não ter dado assistência. Pelo fato de ele não ter aconselhado ela a ter feito menos procedimentos. Porque ele sabia do risco e ele não avisou ela, simplesmente. Porque ela era leiga. Ela era 100% leiga. Ela não tinha noção. Ela só tinha um sonho de fazer a cirurgia. E foi viver o sonho dela”, pontuou.
No Boletim de Ocorrência registrado pelos parentes, foi constatado que Viviane foi diagnosticada com embolia pulmonar dias depois dos procedimentos, quando já estava na UPA. A situação grave tem início quando um um coágulo entope um vaso sanguíneo do pulmão, impedindo a passagem de sangue.
Os médicos da unidade também alertaram sobre a necessidade de transferir a empresária para a UTI do Hospital Regional Norte (HRN), devido à gravidade do quadro dela. Segundo a família, o cirurgião plástico chegou a ir ao hospital no segundo dia de internação da jovem e “informou que a cirurgia havia sido um sucesso”.
“Após isso, [médico] viajou para o Rio de Janeiro, pois reside neste estado, mas disse que manteria contato com a equipe médica da UTI para ficar a par da situação”, disse uma parente da vítima. Os familiares acrescentaram que o cirurgião chegou ao hospital horas antes de Viviane vir a óbito, ligou para a equipe da UTI e depois saiu sem falar com ninguém.