O fisioterapeuta Nicanor dos Santos Modesto Junior foi condenado pela Justiça a 12 anos, 5 meses e dez dias de prisão em regime fechado. Ele responde pelo crime de estupro de vulnerável contra uma publicitária de 29 anos. De acordo com o Ministério Público, o delito ocorreu na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital São Luiz, no Jabaquara, em janeiro de 2023.
O julgamento de Nicanor se deu em junho deste ano, no Fórum Criminal da Barra Funda, São Paulo. A sentença, por sua vez, foi deferida nesta quarta-feira (30) pela juíza Renata Mahalem Da Silva. Além da pena, a magistrada ordenou que o fisioterapeuta pague uma indenização de R$ 10 mil para a vítima por danos morais.
Nicanor, que já estava detido, continuará preso. Ele ainda pode entrar com recurso. Conforme o g1, a unidade hospitalar afastou o fisioterapeuta após a denúncia feita pela publicitária, cuja identidade foi mantida em sigilo. Ele chegou a fugir na época, mas acabou procurado e preso em maio deste ano pela polícia. O profissional estava escondido no interior de Minas Gerais.
A acusação da Promotoria forneceu mais detalhes de como o abuso teria acontecido. Na ocasião, o homem tirou o avental da mulher, deixando-a nua, e enfiou os dedos em sua vagina. A paciente se recuperava de uma cirurgia na coluna, e disse estar sob efeito de remédios para controlar as dores. Interrogado pela Justiça, Nicanor negou as acusações feitas.
A juíza, entretanto, afirmou que o depoimento da vítima junto ao de algumas testemunhas, foram suficientes para condená-lo. “Em crimes sexuais, a palavra da vítima é fundamental na indicação da autoria, mormente no presente caso, em que foi prestado com riqueza de detalhes e sem quaisquer contradições”, declarou Renata.
Ao g1, a advogada da denunciante, Luciana Terra, afirmou que a prisão do fisioterapeuta serviu para outras vítimas de violência sexual confiarem na Justiça. “A punição veio baseada na palavra da vítima e na sua vulnerabilidade, debilidade física, no momento em que essas mulheres precisam de proteção, no momento em que se encontram em extrema vulnerabilidade”, observou.
“Esses profissionais que devem zelar pela saúde e pelo cuidado abusam dessa situação para cometer crimes. Então a decisão vem para reforçar que vale a pena acreditar na Justiça e lutar pela proteção dessas mulheres”, completou a advogada.
Vítima se pronuncia
Em depoimento ao mesmo portal, a publicitária detalhou como o estupro aconteceu. “Ele me deu bom dia, disse que soube da minha cãibra e que iria me auxiliar para a dor passar. Começou massageando minha perna direita iniciando pelos pés. Até que ele pediu para que eu relaxasse e começou a subir a mão até a minha virilha”, lembrou.
“Eu não estava entendendo por que ele estava fazendo isso, e então ele falou: ‘Vou colocar os dedos dentro de você para soltar a musculatura da sua vagina e liberar a tensão’. Fiquei em estado de choque, não conseguia reagir àquela situação e então ele o fez: introduziu os dedos e começou a ‘massagear’. Até que ele parou e disse que voltava mais tarde”, continuou a moça.
A paciente também afirmou que Nicanor pediu que sua mãe saísse da sala durante as consultas, deixando-os sozinhos. “Em uma dessas conversas, ele disse: ‘Você é muito linda. Se na UTI é linda assim, imagina lá fora, maquiada’. Me senti desconfortável com o comentário, mas tentei entender que ele estava querendo ser educado”, desabafou.
Outras acusações
Além da violação sexual contra a publicitária, Nicanor dos Santos é suspeito de pelo menos outros três crimes, sendo eles contra uma mulher grávida e duas crianças. Em 2021, ele foi acusado de ter abusado de uma mulher grávida, em uma maternidade de Guarulhos, na Grande São Paulo. Segundo o MP, a jovem tinha 19 anos e estava em um leito isolado com suspeita de Covid-19. Na época, o médico teria dito que ela precisava sentir prazer para que as dores no estômago passassem, e introduziu os dedos na vagina dela.
O fisioterapeuta foi formalmente denunciado e virou réu por violação sexual mediante fraude. Ele respondia ao crime em liberdade. O julgamento dele sobre este caso ainda não foi marcado. Em 2014, Nicanor foi acusado de tentar matar uma mulher que havia o denunciado à polícia argentina por ter abusado sexualmente da filha dela, de 10 anos, em Buenos Aires.
Por fim, em 2007, o fisioterapeuta foi acusado por uma mulher de beijar na boca a filha dela, de apenas 7 anos, em Salvador, na Bahia. Ele se tornou réu neste caso e chegou a ser preso, mas a Justiça arquivou o processo no mesmo ano.
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