Nesta terça-feira (14), a Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu Diana Rosa Stanesco Vuletic. A mulher de 39 anos estava foragida por envolvimento em um golpe milionário contra Geneviève Boghici, viúva de Jean Boghici, que morreu em 2015 e era considerado um dos mais importantes colecionadores de arte no Brasil.
Diana foi condenada em primeira instância por estelionato, extorsão, roubo e associação criminosa. Ela deverá cumprir 45 anos e nove meses de prisão por se passar por vidente e enganar a idosa. No momento da prisão, Diana estava na praia de Grumari, na zona oeste da capital carioca. Segundo os agentes, ao ser surpreendida, ela não criou resistência à prisão.
Os outros acusados de participar da quadrilha já haviam sido presos. Eles foram condenados por estelionato, extorsão, roubo, sequestro, cárcere privado e associação criminosa. O grupo já havia sido alvo de uma operação da polícia chamada “Sol Poente” em 2022. Diana foi quem teve menor pena. Todos os outros condenados devem passar entre sete e 13 anos atrás das grades.
Além da pena, os quatro acusados devem ressarcir a vítima em R$ 421 milhões, dado que R$ 303 milhões da quantia total do golpe já foram recuperados. Os imóveis e os carros comprados com o dinheiro dos crimes, bens que estavam em nomes dos condenados e de seus parentes, também foram confiscados.
No valor total do golpe estão 16 obras de artistas como Tarsila do Amaral, Cícero Dias e Di Cavalcanti. O grupo também conseguiu pegar joias roubadas e pagamentos feitos pela vítima sob coação.
Versão da polícia do golpe
O inquérito informou que o golpe teve início em janeiro de 2020. Na época, Geneviève foi abordada por uma mulher enquanto saia de uma agência bancária em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro. Diana, então, disse que era vidente e que a filha de Geneviève, Sabine, estava doente e morreria em breve.
Ela foi até o apartamento da idosa e, lá, jogaram búzios, que confirmaram a previsão trágica. Daiana a levou para a casa de uma segunda vidente que faria a cura. Segundo a polícia, a outra vidente era Jacqueline Stanesco. Para fazer o trabalho, ela perguntou a viúva onde ela morava e quais bens tinha. Desconfiada, Geneviève seguiu com Diana para a casa de uma terceira cartomante que seria “de confiança”, Rosa Stanesco Nicolau, irmã de Diana.
Conhecida como Mãe Valéria de Oxóssi, a mulher jogou búzios, tirou cartas e disse que Sabine tinha um espírito ruim que a levaria à morte. Ela chegou a cobrar um pagamento. A idosa depois contou a situação à filha, que a convenceu a realizar todos os pagamentos para a cura. Os pagamentos somaram R$ 5 milhões em pouco mais de dez dias, e foram feitos nas contas do pai e do sogro da primeira “vidente”.
A filha começou a isolar a mãe da convivência com outras pessoas e dispensou os funcionários da casa, o que fez Geneviève desconfiar ainda mais. Segundo as investigações, nesse momento, Sabine começou a agredir e ameaçar Geneviève, além de negar comida a ela para forçar as transferências.
A filha chegou a colocar uma faca no pescoço da mãe diversas vezes, segundo o depoimento da idosa, enquanto, ao telefone no viva voz, sua companheira, Diana, a mandava matar. A partir de setembro de 2020 foram feitos mais 38 pagamentos somando R$ 4 milhões ao filho de Diana, Gabriel, preso nesta quinta.
Nesse período, Diana passou a frequentar a casa, ameaçando amaldiçoar e agredir Geneviève se ela não obedecesse. Sabine morreu em setembro do ano passado. A investigação apontava para a hipótese de suicídio.