Dois bebês foram trocados após o parto no Hospital da Mulher, em Inhumas, Região Metropolitana de Goiânia. O caso aconteceu há três anos, mas só foi descoberto agora. No fim de outubro, uma das famílias solicitou exame de DNA e identificou que a criança não era compatível com os pais. A Polícia Civil investiga o que teria acontecido.
A descoberta teve início após um dos casais se separar, pois Cláudio Alves solicitou o exame para comprovar a paternidade do filho. A ex-mulher, Yasmin Kessia da Silva, de 22 anos, também quis fazer o teste. “Se ele não fosse filho do Cláudio, também não era meu”, afirmou ela, segundo o g1.
Os bebês nasceram no dia 15 de outubro de 2021, sendo um às 7h35 e o outro às 7h49, de acordo com as famílias. O exame requerido por Cláudio, por sua vez, foi realizado no dia 31 de outubro deste ano. “Eles disseram que o sangue do meu filho não era compatível com o meu. Eu pensei que era um erro. Mas veio a contraprova, que confirmou que não era mesmo compatível”, explicou Yasmin.
Ela contou, ainda, que conseguiu contatar a outra família com a ajuda de um pastor. Após a mulher relatar o que houve, Isamara Cristina Mendanha, de 26 anos, e Guilherme Luiz de Souza, 27, também fizeram o exame de DNA com o filho, que apresentou resultado incompatível.
Contudo, ainda não há provas de que o filho biológico de Yasmin está com a família de Isamara. Ao g1, Cláudio declarou que eles não fizeram a comprovação da paternidade dos pais biológicos, pois precisa de autorização judicial.
“É um choque muito grande. Não tenho estrutura psicológica para isso. Somos uma família só. A gente só quer paz. Nesse momento de tanta tristeza e dor que estamos vivendo, o que a gente quer é uma solução”, desabafou ele. O advogado que o representa, Kuniyoshi Watanabe, ressaltou que as famílias não mencionaram se irão fazer troca: “Juiz irá determinar lá no fim do processo. Acredito que vão acabar tendo dois pais e duas mães”.
Caso é investigado
O delegado da Polícia Civil, Miguel Mota, informou que não vai se manifestar sobre o caso porque está sob sigilo. A Polícia Civil, em contrapartida, comentou a situação em nota. “A Polícia Civil de Goiás informa que a Delegacia de Inhumas – 16ª DRP investiga possível crime previsto no artigo 229 do Estatuto da Criança e do Adolescente (deixar o médico de identificar corretamente o neonato e a parturiente por ocasião do parto), em que dois bebês teriam sido trocados no hospital da cidade”, confirmou o texto.
“O fato foi descoberto após um dos casais envolvidos resolver se separar, tendo feito exames de DNA que comprovaram que o filho não era biologicamente compatível com nenhum dos dois. Os envolvidos já foram ouvidos e o inquérito policial prossegue com diligências em andamento para esclarecer a dinâmica do fato e sua autoria”, concluiu a corporação.
O que diz o hospital
Em comunicado, a administração do Hospital da Mulher afirmou que está oferecendo todas as informações e documentos necessários para investigação e que pretende esclarecer os fatos. “O Hospital São Sebastião de Inhumas Ltda informa que recentemente tomou conhecimento de uma situação envolvendo uma suposta troca de bebês ocorrida em sua maternidade há cerca de três anos. Assim que os fatos foram trazidos ao conhecimento da instituição pelos próprios familiares, medidas imediatas foram adotadas para garantir a apuração completa e transparente do ocorrido”, declarou a equipe.
“O hospital voluntariamente oficiou a Polícia Civil, oferecendo todas as informações e documentos necessários para que as investigações sejam conduzidas com rigor e imparcialidade. A instituição reitera que está colaborando ativamente com as autoridades e que tem todo o interesse em esclarecer os fatos e identificar qualquer eventual responsabilidade”, pontuou.
O hospital reforçou que o caso está correndo sob sigilo. “Por se tratar de um caso sensível e que envolve dados sigilosos, o processo de investigação está sendo conduzido em conformidade com a lei, resguardando a privacidade e o direito das famílias envolvidas. Nesse sentido, o hospital pede a compreensão da sociedade e da imprensa, reforçando o compromisso com a ética, a segurança e a transparência”, salientou a unidade.
“O Hospital São Sebastião de lnhumas reafirma o seu empenho em revisar e aprimorar continuamente seus protocolos de segurança, garantindo a qualidade e a confiança em seus serviços, tendo total interesse nas investigações realizadas. Informa ainda que existe uma sindicância interna para apurar eventual erro ocorrido e seus responsáveis”, destacou.
Por fim, o hospital disse que não irá divulgar novos dados dos envolvidos. “Ainda, por se tratar de um caso sensível que envolve menores de idade, bem como dados protegidos pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), o hospital está legalmente impedido de fornecer informações detalhadas à imprensa neste momento. Agradecemos a compreensão e reforçamos que todas as ações estão sendo conduzidas com o máximo respeito à privacidade das famílias e à legislação vigente”, concluiu.
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