O julgamento de Flordelis chegou ao segundo dia nesta terça-feira (8), no Tribunal do Júri em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. Quem abriu a sessão de depoimentos foi o policial civil Tiago Vaz, que trabalhou diretamente na conclusão do inquérito da morte do pastor Anderson do Carmo. Em seu relato, o agente revelou como a família da ex-deputada federal era dividida como em “facções”.
Segundo o policial, as 55 pessoas que compunham o núcleo familiar de Flordelis viviam de modos desiguais – o que teria sido a origem de algumas intrigas na casa da pastora. “Uma família rachada, que tinha privilégios para um grupo e para outros não. Eram facções. Uma facção ajudou no cometimento do crime, outra ficou insatisfeita. Então uma facção denunciou a existência desse conluio”, declarou Vaz.
Tiago mencionou que os privilégios incluíam planos de saúde, além de comida diferente para os supostos grupos distintos. Para o policial, essa divisão na família ficou nítida após o assassinato de Anderson. De acordo com ele, algumas das pessoas que denunciaram o crime também eram beneficiadas pelos privilégios oferecidos aos filhos biológicos de Flordelis e aos que foram adotados na chamada “primeira geração” da família.
Anderson do Carmo foi morto em 16 de junho de 2019. O pastor foi alvejado com mais de 30 tiros na garagem da casa da família em Pendotiba, bairro de Niterói. Flordelis é acusada de ser a mandante do homicídio do marido, mas nega todas as acusações. A advogada da ré, Janira Rocha, já havia dito à imprensa que a defesa tentaria provar que a vítima teria cometido abusos sexuais. Entretanto, a investigação policial não encontrou indícios de que Anderson teria praticado tais atos antes de sua morte.
“Nós vamos fazer uma inquisição hoje, vamos mostrar assistentes técnicos que vão dissecar e mostrar para os jurados a questão dos abusos que aconteciam naquela casa e foram o motivo pelo qual a Simone planejou a morte do pastor”, afirmou a advogada, citando Simone dos Santos Rodrigues, filha biológica de Flordelis. Além de Simone, os réus incluem dois filhos adotivos da ex-deputada, Marzy Teixeira da Silva e André Luiz de Oliveira, bem como a neta Rayane dos Santos Oliveira.
No ano passado, foram condenados pelo crime: Flávio dos Santos Rodrigues, filho biológico de Flordelis que efetuou disparos; e Lucas Cezar dos Santos de Souza, o filho do adotivo responsável por adquirir a arma do crime. Já em abril deste ano, mais quatro réus receberam suas sentenças: Adriano dos Santos Rodrigues; o ex-policial militar Marcos Siqueira Costa e sua esposa, Andrea Santos Maia; e o filho afetivo da ex-deputada, Carlos Ubiraci Francisco da Silva.