Hugo Gloss

Fugitivos de Mossoró são presos no Pará após 50 dias

Fugitivos de Mossoró são presos no Pará após 50 dias (Reprodução)

Os dois homens fugitivos da penitenciária federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, foram presos nesta quinta-feira (4). Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento foram encontrados 50 dias após a fuga, em Marabá (PA), em uma operação conjunta da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil e Polícia Militar do estado.

A dupla escapou do presídio de segurança máxima do país na madrugada do dia 14 de fevereiro, sendo esta a primeira fuga desde a implementação do Sistema Penitenciário Federal no Brasil, em 2006. Desde que fugiram, Rogério e Deibson tinham sido vistos em diversas ocasiões e estavam sendo monitorados por agentes das forças de segurança. Assista ao momento e veja fotos da dupla após captura:

Fotos do momento em que Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento são presos 50 dias após fugirem de penitenciária de segurança máxima em Mossoró (Foto: Secretaria Nacional de Políticas Penais)

A busca pelos detentos envolveu pelo menos 600 agentes. Além disso, houve um monitoramento de três veículos que, segundo as investigações, davam cobertura à fuga. Ao todo, seis pessoas foram presas nos três carros. Um dos foragidos foi capturado pela PF, e outro, pela PRF.

Os fugitivos estavam na capital Belém e foram capturados quando se deslocavam para Marabá, na ponte que atravessa o Rio Tocantins, que fica a cerca de 1.600 km de Mossoró. A abordagem ocorreu neste local para evitar uma nova fuga pelo rio. Com o grupo, foram apreendidos uma arma, dinheiro e celulares.

Sequência de pistas

Dois dias após escaparem, os homens teriam feito uma família de refém, na zona rural do local. Neste dia, a polícia encontrou pegadas, calçados, roupas, lençóis e uma corda. Uma camiseta do uniforme da penitenciária também foi vista na mata. Em 25 de fevereiro, a força-tarefa dedicada à captura encontrou um possível esconderijo onde os fugitivos permaneceram por alguns dias, próximo à prisão.

Foram descobertos um facão, uma lona e várias embalagens de comida no local. No dia 27 do mesmo mês, Rogério e Deibson foram avistados em um vilarejo no Rio Grande do Norte, onde foram reconhecidos pelos moradores locais. Antes que a polícia pudesse intervir, eles retornaram para a mata. À época, a Polícia Federal chegou a oferecer uma recompensa de R$ 30 mil por informações que levassem à captura dos foragidos.

Auxílio na fuga

Três indivíduos foram detidos em flagrante sob suspeita de auxiliar na fuga dos detentos. As prisões ocorreram na fronteira entre o Rio Grande do Norte e o Ceará em 22 de fevereiro, mesma data em que PF cumpriu nove mandados de busca e apreensão nas cidades de Mossoró, Quixeré (CE) e Aquiraz (CE). Além das detenções, foram apreendidas armas, drogas, munições e um veículo suspeito de ter sido usado para fornecer armas aos criminosos durante a fuga.

O irmão de um dos fugitivos foi preso pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado no Acre. Ele tinha mandado de prisão a céu aberto por roubo e participação em organização criminosa. Ronaildo da Silva Fernandes, proprietário de um sítio em Baraúna, na divisão do Rio Grande do Norte com o Ceará, também foi preso, em 26 de fevereiro, suspeito por colaborar com a dupla e receber R$ 5 mil para abrigá-la durante oito dias.

Polícia chegou a oferecer recompensas para quem contribuísse com informações do paradeiro (Foto: Divulgação)

A fuga

Rogério da Silva e Deibson Cabral tiveram acesso a ferramentas usadas na reforma pela qual a penitenciária de Mossoró passa. Eles fugiram pela luminária que ficava em uma parede lateral da cela e depois de atravessarem a abertura, escalaram o shaft – vão interno para passagem de tubulações e instalações elétricas. A dupla foi até o teto, onde quebrou uma grade metálica e chegou ao telhado da prisão. As celas onde estavam os presos passam por perícia. Pertences dos dois, como lençóis e objetos pessoais, também estão sendo examinados.

Para o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, uma “série de fatores” levou à fuga, como falhas de construção da estrutura prisional e falta de funcionamento de câmeras e lâmpadas. “Em vez de a luminária e o entorno estarem protegidos por laje de concreto, estava fechada por um simples trabalho comum de alvenaria. Outro problema diz respeito à técnica construtiva e ao projeto. Quando os fugitivos saíram pela luminária, entraram naquilo que se chama de shaft, onde se faz a manutenção do presídio, com máquinas, tubulações e fiação”, explicou em pronunciamento.

“É uma questão de projeto. Quem fez deveria ter imaginado que a proteção deveria ter sido mais eficiente”, acrescentou o ministro. Lewandowski acredita que o fato de a ação dos criminosos ter ocorrido na madrugada da terça de Carnaval para a Quarta de Cinzas pode ter facilitado a operação, porque as “pessoas costumam estar mais relaxadas” nesse período.

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