Hugo Gloss

Gabriel Monteiro recebia menor de idade ao som de ‘Galinha Pintadinha’, diz testemunha

Gabriel Monteiro

Gabriel Monteiro

O Conselho de Ética da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro aprovou por unanimidade o parecer pela cassação do vereador Gabriel Monteiro (PL), após denúncias de assédio moral, sexual e estupro. Agora, em depoimento, ex-funcionários do vereador afirmaram que ele sabia que estava se envolvendo com uma menor de idade. Segundo Luísa Caroline Bezerra Batista, a jovem era recebida na mansão de Gabriel ao som de “Galinha Pintadinha”.

“Eu tenho foto com ela. Ela sempre frequentou [a casa do Gabriel]. Tanto é que, às vezes, chegava no estúdio a gente tava fazendo reunião. O Gabriel juntava todo mundo para ter ideia de vídeo, mas na lógica dele. Ela chegava e o Rick Dantas [chefe de gabinete] colocava até a música da ‘Galinha Pintadinha’ porque ela era menor de idade, era criança”, disse a ex-funcionária nos depoimentos obtidos pelo UOL.

De acordo com Luísa, a menina filmada em ato sexual com o parlamentar era tratada como “namorada”: “Mas todo mundo sabia que era errado, que ela era uma menor de idade e que ele, além de ser maior de idade, é um parlamentar, não podia estar com essa conduta, mas…”. Luísa ainda contou que Gabriel afirmava gostar apenas de “novinha”, e dizia que iria “abrir uma creche”.

A funcionária, inclusive, teria sido vítima das “investidas” de Gabriel. “A gota d’água foi no dia que aconteceu no carro. O Gabriel pediu meu pé para fazer massagem. Aí ele ficou fazendo massagem, eu puxei o pé e ele trocou de lugar. Pediu pro Rick trocar de lugar com ele. Aí, foi pro banco de trás. E no banco de trás, ele começou a me agarrar, a lamber as minhas costas, a me morder e ficar falando algumas coisas, sabe? E eu pedia pra ele parar, falava que não gostava dessas brincadeiras, e ele sempre fala que só tava brincando”, declarou, ressaltando que chegou a pedir “socorro”.

“O Rick me deu o punhal e falou: ‘Ah, fura ele que ele para’. E eu não ia furar o Gabriel. ‘Ah, mas por que você não fez nada?’ O que eu iria fazer? Dois policiais armados dentro do carro, o Gabriel e o Rick, só homem dentro do carro, e eu no meio. Eu ia abrir a porta do carro e me jogar no meio da pista?”, continuou.

Luísa também foi questionada pelo Conselho se tinha ciência sobre outros casos de assédio sexual. A jovem de 26 anos contou que uma garota teria iniciado um ato sexual consensual com o vereador, mas acabou machucada: “[Ele] Começou a praticar sexo anal, ela pediu para parar. Ele não parou e machucou ela”.

Gabriel Monteiro nega as denúncias. (Foto: Reprodução)

Já o ex-assessor Heitor Monteiro de Nazaré garantiu que Monteiro sabia a idade das garotas com que se relacionava. “O Gabriel só gosta de pegar mulheres menores de idade. Ele mesmo dizia isso abertamente para todos da equipe. Uma coisa que não é novidade para ninguém. [Ele] se vangloriava por cada menor de idade que ele pegava, falava que [a adolescente do vídeo] era namoradinha dele. Ela saía da escola, ia direto pra casa do Gabriel, com uniforme de escola”, disse.

Mateus Souza de Oliveira, ex-editor de vídeos de Gabriel, afirmou que o vereador costumava se “vangloriar” de suas conquistas. “Um dia a gente estava passando por lá e ele viu a garota. A garota ficou até meio sem graça. E ele virou para os amiguinhos [dela] e falou: ‘Aquela lá é minha namorada. Aquela lá é minha namorada’. Ela até pediu desculpas, depois, por não ter falado com ele, porque não queria que os demais soubessem”, contou.

“Algumas delas iam até de uniforme lá. O próprio Gabriel mostrava para a gente que as garotas eram bem novas. Inclusive tratava isso como um grande feito na vida dele. Falava que a gente não conseguiria fazer aquilo ali nunca, porque ele é famoso, rico e bonito. Sempre demonstrando esse ar de superioridade”, acrescentou.

Gabriel Monteiro se defende

Em seu depoimento, Gabriel Monteiro admitiu que filmar menor de idade em relações sexuais é crime. No entanto, ele explicou que foi “induzido ao erro por acreditar nas informações das redes sociais da adolescente”. “O que que é crime? Todo fato típico, ilícito e culpável. Para ter crime, eu tenho que ter conhecimento. É porque o indiciamento é materialidade e autoria. Existe materialidade? É o vídeo. Existe autoria? Sim. Eu fui lá, por livre e espontânea vontade, na delegacia, falar que tinha filmado”, disse.

“Infelizmente, eu não sabia da menoridade. Ela poderia ter um filho comigo? Poderia. Não era crime. Poderia sair comigo? Poderia. Poderia ficar comigo, poderia ter tudo comigo. Só não poderia uma coisa: filmar. Mas esse ‘filmar’ é se eu soubesse que ela era menor de idade, e eu não sabia”, continuou.

Nesta segunda-feira (15), a defesa de Gabriel Monteiro recorreu hoje da decisão do Conselho de Ética da Câmara que pediu sua cassação. Nas eleições deste ano, o vereador vai disputar uma cadeira na Assembleia Legislativa do Rio pelo PL, partido do presidente Jair Bolsonaro.

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