Em novos áudios divulgados pelo Fantástico, neste domingo (18), Jonas Lucas Alves Dias, ganhador de R$ 47,1 milhões na Mega-Sena em 2020, pediu para que a gerente de seu banco liberasse R$ 3 milhões de sua conta a partir de transferência. A solicitação foi realizada quando o homem já tinha sido sequestrado por uma quadrilha em Hortolândia, São Paulo.
Quando enviou os áudios, Jonas Alves, de 55 anos, estava sob o poder da quadrilha que o sequestrou e o matou, em tentativa de extorquir seu dinheiro, na última terça-feira (13). “Não chegou nada do comprovante, consegue agilizar isso pra mim?“, pediu Lucas à gerente do banco em uma das mensagens. “Tô aqui na fazenda, preciso fechar isso aqui hoje“, solicitou o homem em outro áudio.
Segundo a delegada Juliana Ricci, da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), de Piracicaba (SP), a transferência não foi liberada, pois o valor era exorbitante para ser feito via aplicativo. “Ele estava subjugado, isso nós temos certeza. Pede transferência bancária, que obviamente foi negada porque o valor era irreal para ser transferido sem ser presencialmente“, explicou Juliana.
Além dos áudios, imagens de câmeras de segurança mostram o trajeto realizado por Jonas antes de ser sequestrado pelos criminosos. Rotineiramente, o milionário, que manteve os hábitos simples, saía de casa entre 5h30 e 6h para ir a uma padaria do bairro onde vivia. No dia 12 de setembro, as filmagens do estabelecimento mostram que ele foi ao local, comprou pães, um suco de laranja, uma esfirra e se retirou.
“Era uma pessoa muito rica e levava uma vida muito simples. Ele ganhou na Mega-Sena R$ 47 milhões em 2020, não mudou de casa, continuou frequentando exatamente os mesmos lugares, com os mesmos hábitos“, prosseguiu Ricci. Jonas Lucas, que não era casado, morava com a irmã e o irmão na mesma casa que tinham antes do prêmio milionário da loteria, no bairro Jardim Rosolém.
Após sair da padaria, Jonas deixou as compras com a irmã, e saiu para caminhar. Então, ele foi filmado novamente por uma câmera de monitoramento em uma rua da vizinhança. Os vídeos mostram o carro de um dos criminosos do grupo passando por ele. “No próprio ponto que as imagens demonstram onde pararam os carros leva a crer que tinham pleno conhecimento do percurso da vítima“, avaliou o delegado Kleber Antônio Torquato, diretor do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior.
A polícia constatou que a vítima pode ter sido abordada após esse momento, em que outras câmeras mostram dois veículos suspeitos circulando pelo bairro. Os investigadores estimam que Jonas ficou por volta de 20 horas como refém do grupo, que conseguiu tirar R$ 20,6 mil de sua conta, via saques e Pix. Após terminarem a ação, os criminosos o abandonaram, espancado, às margens da Rodovia dos Bandeirantes (SP-348). Ele chegou a ser socorrido e levado ao hospital, mas não resistiu.
Até este domingo (18), dois suspeitos do crime foram presos e outros dois estão foragidos. Rogério de Almeida Spínola, de 48 anos, e uma mulher identificada como Rebeca, de 24 anos, estão presos. Outros integrantes do grupo, Marcos Vinicyus Sales de Oliveira, de 22 anos, e Roberto Jeferson da Silva, o Gordo, de 38, continuam foragidos.