Preparem os lencinhos! Neste domingo (5), a série “Vidas”, do “Fantástico“, mostrou o caso de Jairo e Gabriel, um quadro raríssimo de gêmeos siameses. Os irmãos nasceram ligados pela coluna, em dezembro de 2022, em um hospital de Porto Alegre. A cirurgia mobilizou mais de 70 profissionais, que se prepararam enquanto os bebês cresciam. Quando eles completaram seis meses, em 29 de junho deste ano, os médicos consideraram que era o momento da separação.
Os meninos viviam na unidade de saúde desde o primeiro mês, após os pais biológicos abrirem mão da guarda deles. Enquanto Jairo e Gabriel estavam sendo cuidados no hospital, o casal Estela Maris Baumgarten e Patrícia da Costa Maldonado deu início ao processo de adoção. “Essas crianças ficaram conosco desde o primeiro dia de vida. Como ficavam desacompanhados, era a gente mesmo que dava aquele colinho na hora do banho, líamos história, fazíamos festas de mesversário”, destacou a enfermeira Priscila Eugênio Fortes.
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Para a cirurgia, os médicos do hospital da Criança Conceição buscaram casos semelhantes e encontraram um no Japão. Para que tudo saísse como planejado, eles fizeram uma simulação usando dois bonecos, que reproduziam a forma como as crianças estavam unidas. “Na literatura, é o sétimo caso desse tipo de união, a gente chama de pigópagos”, explicou Melissa Migotto Silva, cirurgiã pediátrica. “Era uma condição nova para a equipe, era uma condição nova para o hospital”, completou Laís Garcia, gerente de unidade de internação.
O procedimento foi dividido para três equipes: a primeira devia separar a medula compartilhada sem comprometer os movimentos dos pés e das pernas; a segunda reconstituiu o intestino; e a última foi a responsável pelos órgãos sexuais e a parte urinária. A cirurgia durou 19 horas, e Jairo e Gabriel foram totalmente separados.
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Com a documentação necessária para adoção, Estela e Patrícia tiveram acesso ao aplicativo do Conselho Nacional de Justiça, com imagens de crianças disponíveis. Caso não aparecesse uma família interessada, os dois bebês iriam para uma instituição de acolhimento quando tivessem alta.
“Quando eu vi a foto, eu só conseguia chorar e dizia que eles eram os meus filhos; eram os nossos filhos e a gente iria seguir com o processo”, contou Estela. “Tivemos acesso ao laudo médico, tudo que eles já tinham feito e o que eles ainda iriam fazer. Aí, nesse meio tempo, quando a gente estava nessa avaliação para conhecer os dois, a assistência social nos avisou que eles iam fazer a cirurgia”, acrescentou Patrícia.
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Jairo e Gabriel só conheceram as mamães 15 dias após o procedimento. Gabriel, que nasceu com microcefalia, continuou em recuperação na unidade hospitalar, enquanto o irmão teve alta. “Comecei a ficar lá o dia inteiro e a Pati ia depois do trabalho, a gente conversava muito com ele. Quando não tem ninguém pra ficar com eles, a gente vai se revezando”, contou Estela.
O bebê foi para casa três meses depois e reencontrou a família completa. “Apesar de toda a preocupação que a gente teve, e eu sei que ainda vai ter, a gente olha pra eles e fica tão aliviada em saber que eles já estão aqui em casa”, celebrou Patrícia. “Em algum momento a gente sente medo, sempre sentiu medo. As pessoas perguntavam se a gente estava preparada para ter filhos com deficiência, ninguém nunca está 100% preparado. Mas a gente queria isso, esperamos por isso e estamos dispostas”, concluiu.
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