O policial federal Lucas Soares Dantas Valença, de 36 anos, morreu nesta madrugada (3) após tentar invadir uma casa na zona rural de Buritinópolis, em Goiás, e ser baleado pelo morador. Segundo relatos de amigos e parentes, o “hipster da Federal”, como era apelidado o servidor, estava em surto psicótico desde o dia anterior (2).
Conforme boletim de ocorrência da Polícia Militar, ao qual o UOL teve acesso, Lucas teria passado na rua gritando que “havia um demônio” na residência. Na sequência, o rapaz teria desligado um disjuntor de energia do lado de fora do imóvel e arrombado a porta de entrada. Na casa, estavam o dono, sua esposa e a filha do casal de três anos.
Assustado, o morador pediu que o invasor fosse embora, mas a movimentação continuou. Às autoridades, o dono da propriedade disse que, diante da situação, pegou uma espingarda e atirou em direção a Lucas, alegando legítima defesa. Após religar a energia, ele percebeu que havia atingido o homem abaixo do peito. A Polícia Militar foi acionada às 23h30 e enviou uma ambulância para prestar socorro médico. A morte de Valença, entretanto, foi confirmada no local.
Investigação
Ao G1, o delegado Adriano Jaime, à frente do caso, informou que o morador da casa de Buritinópolis foi preso por posse irregular de arma de fogo, mas pagou fiança e agora aguarda a conclusão da investigação em liberdade. A espingarda usada por ele foi recolhida pela Polícia Militar.
“Como as circunstâncias do fato indicam que o autor agiu em legítima defesa, estava dentro da sua casa e defendendo a família, optamos por continuar as investigações somente por meio de inquérito”, esclareceu. O Instituto de Criminalística esteve no local para fazer a perícia da cena do crime e entender melhor como aconteceram a invasão e os disparos.
Aparições na TV
Em 2016, Lucas Valença causou comoção nas redes sociais após escoltar o ex-deputado Eduardo Cunha, detido no âmbito da Operação Lava Jato. Foi nessa ocasião que ele ganhou os apelidos de “hipster da Federal” e “lenhador da Federal”. Após a repercussão e fama na internet, agentes da PF receberam a orientação de ir mascarados à escolta de Cunha para o IML (Instituto Médico Legal) no dia seguinte à prisão.
O agente chegou a participar dos programas “Encontro”, da TV Globo, e “Programa do Porchat”, da TV Record, o que teria desagradado a PF. Segundo o regulamento interno da corporação, esse tipo de “autopromoção” é algo proibido. Valença foi informado que estava violando o estatuto desde que foi ao programa da Globo e, em 2016, uma investigação foi aberta sobre o caso.