Sete meses após o desaparecimento de três crianças em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, o enigmático caso ganhou um novo desdobramento. Nesta quarta-feira (28), um homem acusou o próprio irmão de ter participado da ocultação dos corpos de Lucas Matheus, 9 anos, Alexandre Silva, 11 anos, e Fernando Henrique, 12 anos, que saíram para brincar e nunca mais voltaram para casa.
De acordo com o G1, o homem se apresentou ao 39º Batalhão da Polícia Militar e revelou detalhes do que teria acontecido com os meninos. Segundo ele, as crianças teriam sido espancadas e mortas. O denunciante afirmou que, na sequência, seu próprio irmão ajudou a “desovar” os corpos. Eles teriam sido levados de carro para a Estrada Manoel de Sá, em uma localidade conhecida como Ponto do Ferro 38, e deixados próximos de uma ponte na qual passa um rio que corta o município.
O motivo para os assassinatos teria sido o roubo de uma gaiola de passarinhos – hipótese que já é investigada pela polícia. Ainda segundo o denunciante, o mandante do crime teria sido José Carlos dos Prazeres Silva, um traficante conhecido como “Piranha”. Além de ser suspeito no caso, ele também já foi denunciado e é procurado pela polícia por ordenar uma sessão de tortura contra um homem inocente, apontado erroneamente como autor do crime com os três meninos. Outras nove pessoas também foram denunciados pelo caso da tortura.
Acusado depõe e nega envolvimento
A Polícia Militar compareceu no endereço indicado pelo denunciante e encontrou o acusado, que foi levado para a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, em Belford Roxo. O suspeito de participar da ocultação dos corpos foi ouvido pela Polícia Civil e negou todas as acusações. Para ele, o relato e a denúncia teriam sido motivados por conta de uma rixa com seu irmão. Segundo o G1, ambos possuem passagem na polícia por tráfico de drogas.
Polícia prende homem que estaria envolvido
No último dia 20 de julho, a Polícia Militar também prendeu um homem conhecido como Rabicó, que supostamente teria envolvimento no caso, de acordo com a corporação. Segundo investigadores, o apelido de Erick Faria de Paula não constava nas investigações sobre o caso. A Polícia Civil, no entanto, não descarta que sua prisão seja de ajuda, visto que ele atuava no tráfico da Comunidade Castelar, região de origem das três crianças.
Entenda o caso
Lucas Matheus da Silva, Alexandre da Silva, e Fernando Henrique Ribeiro Soares, foram vistos pela última vez em 27 de dezembro de 2020, próximos à comunidade em que viviam, na cidade de Belford Roxo. Desde o início do caso, as famílias dos garotos reclamam do descaso da polícia, visto que só puderam registrar o desaparecimento após 24 horas, por mais que o Estatuto da Criança e do Adolescente preveja buscas imediatas.
Enquanto isso, ainda não se sabe o paradeiro do trio. As investigações também não tiveram muitos avanços significativos. O delegado Uriel Alcântara Machado, responsável pelo caso, já assumiu a dificuldade que é investigar o sumiço dos garotos, pelo fato de que eles moravam em uma região controlada pelo tráfico – o que complica as entradas na comunidade.
Para a polícia, a principal teoria seria de que o desaparecimento estaria ligado com o tráfico local. Porém, o delegado ressaltou que faltam elementos que contribuam com a apuração do caso, visto que o sumiço se deu de forma “muito discreta”. As mães dos meninos, por sua vez, lamentam estar às escuras sobre o assunto, sem acesso a um repasse das pistas.
Fica aqui nosso desejo de que tudo isso venha à tona e que a Justiça seja feita…