No último sábado (21), uma jovem de 18 anos teve o rosto tatuado à força com o nome do ex-namorado. O caso aconteceu em Taubaté, no interior de São Paulo, e o rapaz, de 20 anos, foi detido por descumprir uma medida protetiva ao ter contato com a ex-namorada.
O boletim de ocorrência foi registrado neste sábado (21) no 1° Distrito Policial da cidade, pela mãe da vítima, Deborah Velloso. Segundo o depoimento, a estudante não apareceu em casa depois da aula, na noite de sexta-feira (20). Após 24 horas, Deborah então registrou um boletim de ocorrência no site da polícia e, na manhã do mesmo dia, com a filha ainda desaparecida, resolveu ir até à rua onde o rapaz, Gabriel, residia.
Lá, Deborah encontrou a estudante dentro do carro do rapaz. “Ela saiu para ir para o curso e 22h ela ainda não tinha voltado. Fiz um boletim de ocorrência pelo site da polícia e hoje cedo (sábado) fui até a rua dele e vi minha filha no carro com ele. Chegando em casa, quando entrei, me deparei com a tatuagem com o nome dele no rosto dela e ela tentando tampar com a maquiagem. Ela só repetia que iria trabalhar”, relatou a mãe, em entrevista ao g1.
No depoimento à polícia, Velloso revelou que a filha foi agredida enquanto se debatia para impedir o ex-namorado de imobilizá-la para ser tatuada. “Ela me disse que estava pedindo socorro quando ele estava amarrando ela. Ela me disse: ‘Mãe, ou eu parava de gritar e deixava ele fazer a tatuagem ou ele ia me matar lá dentro'”, contou Deborah. “Ela está com o olho roxo. E ele a forçou a gravar um vídeo autorizando a tatuagem. Minha filha falou que gravou com medo de algo pior acontecer. Tenho medo do que possa acontecer com minha família caso ele seja solto pela Justiça”, afirmou.
De acordo com uma reportagem TV Bandeirantes, nas 24 horas em que ficou desaparecida, a jovem teria sido levada à força para a casa do agressor, que já tinha um histórico de violência com a garota. Lá, Gabriel tatuou o próprio nome no rosto, no peito e na virilha da vítima e também forçou a estudante a engajar em relações sexuais.
Histórico de agressões
De acordo com a mãe da jovem, essa não seria a primeira agressão de Gabriel contra a moça. “No começo, ele era um rapaz bom. Mas, após um ano de namoro começaram as crises de ciúme até que, no início de 2020, ocorreu a primeira agressão. Desde então luto para distanciar os dois”, afirmou Deborah, em entrevista ao UOL.
O casal chegou a ficar separado por oito meses, mas voltou a se encontrar depois que Gabriel prometeu que não haveria mais agressões. Na sequência, ele teria passado a ameaçar a jovem caso esta terminasse o namoro. “Ele impedia ela de ter contato com amigos e familiares. Minha filha chegou a ficar incomunicável dentro da casa dele em duas ocasiões. Eu ia até lá, ninguém abria a porta, ele respondia por ela nas redes sociais. Até que ela conseguiu fugir”, recordou Velloso.
A família então decidiu levar a jovem para São Paulo, mas um emprego a fez retornar para Taubaté. A mãe então relatou episódios de sequestro e cárcere privado: “Um dia, quando ela ia para o seu curso, ele a encontrou na rua e, com uma arma, a coagiu a entrar no carro. Logo depois, no dia 29 de maio, quando ela fez 18 anos, ele publicou nas redes duas fotos de tatuagens que ele tinha feito nela: seu nome no peito e na virilha”. Devido aos ataques recorrentes, a estudante conseguiu duas medidas protetivas contra o ex-namorado.
Após tudo o que ocorreu no último fim de semana, Deborah revelou que a jovem tem chorado muito. “Ela está com medo, fala em tirar a própria vida. Estou tentando falar para todo o mundo que não sou uma mãe chata impedindo um namoro. É um caso grave que está acontecendo. Ele fala que se ela não for dele, não será de mais ninguém. Não tenho conseguido dormir. Eu não quero ter que enterrar minha filha”, concluiu.
Após a denúncia, Gabriel foi preso e o caso foi registrado no plantão policial e será investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Taubaté a partir de hoje (23). Ontem (22), o agressor passou por audiência de custódia e teve sua prisão preventiva mantida.