O empresário Igor Peretto, de 27 anos, foi assassinado na Praia Grande, no litoral de São Paulo, no dia 31 de agosto. De acordo com as investigações da Polícia Civil, o crime ocorreu após a vítima descobrir que sua esposa, Rafaela Fontenelle, mantinha um relacionamento extraconjugal com Mario Vitorino da Silva Neto, seu sócio, melhor amigo e marido de sua irmã.
Em conversa com o UOL, o irmão da vítima, o vereador Tiago Peretto, revelou como a família ficou sabendo da morte de Igor. “Quando recebemos a notícia, começamos a procurar, pois até então não sabíamos onde isso tinha acontecido. Sabíamos que tinha havido uma briga e uma facada, mas não sabíamos do óbito”, detalhou.
O político e os parentes passaram a buscar por notícias de Igor em hospitais locais, até serem informados de que ele havia sido encontrado sem vida no apartamento da irmã, Marcelly.
Na investigação, foi revelado que Igor e a irmã, Marcelly Peretto, saíram juntos com seus respectivos companheiros, Rafaela e Mario, no fim de semana do crime. Naquela noite, a vítima acabou descobrindo mensagens comprometedoras no celular do cunhado durante uma balada.
As autoridades informaram que, após a descoberta do affair, os quatro se reuniram no apartamento de Marcelly e Mario. Câmeras de monitoramento registraram a chegada da irmã e da esposa de Igor ao local às 04h37. Peretto e Mario chegaram às 05h40.
Após 25 minutos, às 06h05, as gravações mostraram Marcelly e seu então companheiro saindo às pressas do prédio. Rafaela não foi vista deixando o local, mas, segundo a polícia, já estaria na garagem, dentro de um carro. Desde então, a viúva e a irmã da vítima foram presas, enquanto Mario, cunhado de Igor, segue foragido.
A situação deixou Tiago em choque: “Ele [Mario] cresceu por meio do apoio do meu irmão. Eles eram muito amigos, saíam juntos. Fomos pegos de surpresa, não havia qualquer sinal de conflito ou traição”.
A irmã da vítima, Marcelly, afirmou em depoimento que foi obrigada a ir embora com Mario. O parceiro a teria abandonado em um posto de gasolina após o crime. Ela também alegou que não presenciou o irmão sendo morto.
O vereador, no entanto, não aceita essa versão. “Ela [Marcelly] foi omissa, viu o irmão ser esfaqueado e não reagiu. Insisti para que ela fosse presa, porque, mesmo sendo irmã, errou e deve pagar pelo erro. Sangue é sangue, e ela deveria ter feito algo. Essa omissão me deixa indignado”, declarou.
Investigação
Após o assassinato, a Polícia Civil abriu um inquérito para investigar as circunstâncias da morte de Igor. Segundo informações do UOL, a família acredita que o crime tenha sido motivado pelo affair entre a esposa e o cunhado da vítima.
“Fomos pegos de surpresa. Eu, Igor e Marcelly somos irmãos por parte de pai, mas de mães diferentes”, explicou Tiago. “Foi uma surpresa total. Acreditávamos que tudo estava bem entre meu irmão e a Rafaela. Mas descobrimos, vimos mensagens no celular, que provaram que o relacionamento entre Rafaela e Mario começou há uns nove meses, ao contrário do que ela havia dito inicialmente”, explicou ele.
A polícia trabalha com a hipótese de que Rafaela e Marcelly também mantinham um relacionamento amoroso. Tiago revelou: “Estão falando até que eles [Rafaela, Marcelly e Mario] eram um trisal, mas não temos certeza de nada ainda. Tudo está sendo investigado. Minha irmã nega, mas esperaremos as investigações”.
Defesa se manifesta
Com a repercussão do caso e novas descobertas da polícia, a defesa da viúva, Rafaela, se manifestou. Em nota ao UOL, o advogado Marcelo Cruz ressaltou que ela já havia deixado o apartamento quando Igor e Mario chegaram. “Ela garantiu que, quando Igor e Mario chegaram ao edifício, ela já não estava mais lá. As câmeras poderão comprovar isso”, declarou.
Ele também afirmou que o suposto envolvimento entre Marcelly e Rafaela “não tem relevância penal”. “São meras especulações sobre moralidade, sem qualquer ligação com o crime”, disse o advogado.
Cruz revelou que Rafaela entregou voluntariamente seu celular para perícia e segue colaborando com as autoridades.“Ela disponibilizou o aparelho para a polícia como prova, o que reforça sua versão dos fatos”, insistiu.
Por fim, o advogado argumentou que o affair entre sua cliente e Mario não implica envolvimento ou responsabilidade no crime. Ele ainda destacou que a duração do relacionamento extraconjugal — seja de nove meses ou menos — não tem qualquer conexão com o assassinato. “É importante distinguir as questões morais das legais”, pontuou.
Já o advogado de Marcelly, Leandro Weissmann, afirmou que sua cliente não sabia do crime e não estava presente no momento em que tudo aconteceu. “Marcelly não sabia o que iria acontecer e não participou de nada. Infelizmente, não havia câmeras no apartamento que comprovassem que Marcelly estava no quarto ao lado”, lamentou.
Sobre a fuga do apartamento, ele declarou que Marcelly foi coagida pelo parceiro: “Mario estava com uma faca e exercia forte influência sobre ela. Ela ficou em choque ao ver o irmão esfaqueado e se amedrontou. Ela tem sido colaborativa desde o início, sem qualquer contradição em seus depoimentos”.