Andreas von Richthofen herdou uma lista de bens de sua família, que incluía carros, terrenos e seis imóveis, além de dinheiro em contas correntes e aplicações. O rapaz, atualmente com 36 anos, ganhou o direito ao espólio dos pais, Manfred e Marísia, que foram assassinados por Suzane von Richthofen. No entanto, a herança acabou se transformando em dívidas que chegam a R$ 500 mil.
Logo após o crime, ele entrou na Justiça para impedir que a irmã recebesse metade dos bens, dos quais ela havia catalogado nos mínimos detalhes, inserindo até mesmo louças e mobílias da mansão onde aconteceu o duplo homicídio. Quatro anos depois, o caçula conquistou o espólio, avaliado na época em quase R$ 10 milhões.
No entanto, segundo a coluna de Ullisses Campbell, do jornal O Globo, Andreas acumulou 24 ações na Justiça de São Paulo por dívidas de Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) e condomínios atrasados. Duas das seis casas herdadas ficaram fechadas por tanto tempo que foram invadidas por “falsos sem-teto”. Uma delas é onde Manfred e Marísia foram brutalmente mortos por Daniel e Cristian Cravinhos, a mando de Suzane. Diversas ofertas foram oferecidas ao rapaz, mas ele recusou todas.
A mansão onde eles moravam antes de se instalarem na casa onde aconteceu o crime também ficou com aspecto de abandono e, ainda de acordo com a coluna, foi invadida por outra família clandestinamente. Outra residência, localizada no bairro Brooklin Paulista, em São Paulo, onde ficava a clínica da mãe de Andreas e Suzane, também corre risco de ser tomada. Ele chegou a morar no local entre 2005 e 2015.
Os “falsos sem-teto” entram nas casas sem arrombar portas e portões, realizam reformas, mandam ligar luz e água, e passam a morar de graça até a reivindicação do proprietário. No bairro de Campo Belo, onde estão mais duas mansões, os invasores já receberam título de propriedade por usucapião, ou seja, por meio da posse prolongada, contínua, pacífica e sem oposição. O tempo da posse pode ser entre 5 e 15 anos.
Onde está Andreas?
De acordo com o veículo, o herdeiro vive em um sítio em São Roque, desde a época da pandemia. O local fica isolado e é de difícil acesso. Além disso, ele vive sem telefone e internet. Com a recusa para quitar os débitos, os procuradores da cidade de São Paulo afirmam que os imóveis devem ir a leilão.
Segundo amigos de Andreas, ele não pretende se desfazer dos bens porque mantê-los seria uma forma de preservar a memória dos pais. No entanto, o rapaz teria medo de que Suzane conseguisse acesso a esses bens, já que não é casado nem tem filhos, fazendo com a irmã volte a ser a única herdeira. “Andreas tem um misto de medo e amor pela irmã“, relatou um dos amigos.
O colunista ainda afirmou que o rapaz costuma andar com uma medalha no bolso contendo o brasão da família von Richthofen. Ele acredita que é descendente de Manfred Albrecht Freiherr von Richthofen, piloto de avião conhecido como “Barão Vermelho”, que atuou na Primeira Guerra Mundial e morreu em combate, em abril de 1918.
Crime que marcou o Brasil
O assassinato de Manfred e Marísia von Richthofen ganhou notoriedade no país pelo desenrolar das investigações, em 2002. Inicialmente o caso foi tido como latrocínio, mas dez dias depois Suzane von Richthofen, seu então namorado, Daniel Cravinhos, e o irmão dele, Cristian Cravinhos, confessaram o crime. A motivação, segundo eles, foi porque os pais eram contra o namoro.
Cristian recebeu pena de 38 anos. Já Suzane e Daniel foram condenados a 39 anos de prisão. Atualmente, o trio cumpre pena em regime semiaberto. Em setembro do ano passado, Campbell afirmou que Suzane conheceu seu atual companheiro em um aplicativo de namoro, com quem vive e de quem espera seu primeiro bebê.