Na noite desta quinta-feira (5), a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, compartilhou uma imagem abraçando a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, nos stories do Instagram. A publicação ocorreu horas após Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, ser denunciado por assédio sexual.
Na foto, Janja abraça e beija a testa da ministra, que teria sido, de acordo com o portal Metrópoles, uma das vítimas de Almeida. Nenhuma mensagem foi escrita pela primeira-dama. O ministro dos Direitos Humanos, se pronunciou, negando as denúncias, enquanto Anielle se mantém em silêncio.
Veja o post de Janja:
As denúncias contra Almeida vieram à tona através da ONG Me Too Brasil, que combate o assédio sexual. O portal Metrópoles divulgou o caso. As mulheres envolvidas pediram anonimato à organização, no entanto, autorizaram a divulgação das acusações. Em nota, a ONG afirmou que as vítimas foram “ouvidas por meio dos canais de atendimento da organização e receberam acolhimento psicológico e jurídico“.
Os relatos de assédio sexual atribuídos ao ministro envolvem casos que teriam ocorrido no ano passado. Segundo fontes da CNN Brasil, Anielle teria relatado detalhes do que encarou como uma aproximação indevida de Almeida. Ela teria decidido não confirmar nenhuma das denúncias, caso fossem parar na imprensa. O objetivo era evitar uma crise no governo, de acordo com a CNN Brasil. Essa informação também foi confirmada por Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.
Após a repercussão, o Governo Federal se manifestou, apontando que o ministro já foi chamado para dar explicações. Afirmou-se ainda que as denúncias de assédio contra Almeida são graves e que o caso será tratado com celeridade.
“O Governo Federal reconhece a gravidade das denúncias. O caso está sendo tratado com o rigor e a celeridade que situações que envolvem possíveis violências contra as mulheres exigem“, declarou o comunicado. “O próprio ministro Silvio informou que irá encaminhar ofício à CGU, ao Ministério da Justiça e à Procuradoria Geral da República para que investiguem o caso. A Comissão de Ética da Presidência da República decidiu abrir de ofício um procedimento de apuração“, acrescentou.
Os ofícios foram enviados aos três órgãos e são assinados pela Chefe de Gabinete Ministerial substituta, Fernanda Gabriela Menezes Carvalho. “Diante da gravidade do teor das informações amplamente compartilhadas, e reconhecendo que toda e qualquer denúncia deve ser investigada com todo o rigor da Lei, é urgente que os fatos sejam cuidadosamente apurados e processados“, diz o documento do ministério que foi encaminhado à CGU, à PGR e ao Ministério da Justiça.
A Polícia Federal também investigará as denúncias de assédio sexual contra Almeida. A informação foi confirmada pelo diretor-geral da PF, Andrei Passos Rodrigues, ao “Em Ponto”, da GloboNews. “[Vamos iniciar a investigação] por iniciativa própria, ainda não recebemos representação“, disse ele.
Silvio divulgou uma nota negando os assédios, além de um vídeo reafirmando seu posicionamento. Ele assumiu o Ministério dos Direitos Humanos em janeiro de 2023. Formado em Filosofia e Direito, doutor e pós-doutor pela Universidade de São Paulo, Almeida é uma das referências no país em questões raciais.
“Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país“, disse o ministro.
Silvio argumentou que o caso seria uma “perseguição”, além de “mentiras sem provas”, e que estariam tentando “atingi-lo como homem negro”. Ele ainda afirmou que vai pedir na Justiça, a responsabilização de quem fez as denúncias. “Tais difamações não encontrarão par com a realidade. De acordo com movimentos recentes, fica evidente que há uma campanha para afetar a minha imagem enquanto homem negro em posição de destaque no Poder Público, mas estas não terão sucesso“, escreveu.