Depois de expor as ilegalidades do “Jogo do Tigrinho”, o “Fantástico” deste domingo (17) mostrou uma nova investigação sobre o “Jogo do Aviãozinho”, cuja prática é ilegal no Brasil. A reportagem especial investigou a participação de influenciadores digitais na promoção dos jogos da empresa Blaze, que é denunciada por fraudes, incluindo casos de calote, e acusada de estelionato.
No jogo da Blaze, o usuário ganha dinheiro enquanto um “avião” vai subindo na tela, e tem que decidir parar antes que a palavra “Crashed” apareça na tela. De acordo com o dominical, uma única plataforma digital teve mais de R$ 100 milhões bloqueados pela Justiça e a polícia reuniu indícios de que os apostadores não recebiam os prêmios. “Tudo começou como uma brincadeira. Eu entrei em depressão, tive crise de pânico e ansiedade”, relatou uma vítima. “Figuras renomadas começaram a fazer propaganda e eu resolvi tentar”, continuou.
A Globo explicou que a legislação brasileira permite jogos de aposta na “quota fixa”, quando o participante arrisca o resultado de uma partida esportiva e sabe o valor do prêmio. Também é liberada a modalidade de “fantasia”, na qual o usuário monta uma equipe virtual e ganha pontos se os atletas escalados apresentarem bons resultados.
No site da Blaze, no entanto, existe uma área chamada “cassino”, que pode causar prejuízos aos usuários e não é liberada pela lei, já que depende “exclusivamente da sorte”.
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— VR7 (@Vitor__Rafaell) December 18, 2023
As investigações pela Polícia Civil de São Paulo foram iniciadas quando os apostadores denunciaram a plataforma por suspeita de estelionato. Segundo eles, os prêmios mais altos não eram pagos. “Eu cheguei a ganhar muito dinheiro, mais de R$ 100 mil. Eu consegui sacar R$ 20 mil. O resto ficou tudo lá. E era uma manipulação atrás da outra”, contou uma das denunciantes.
“Teve um dia que eu vi que estava pagando bastante, eu falei: ‘Vou colocar um valor de R$ 2.800 na plataforma’. Eu tive um retorno de 98 mil. Quando eu fui tentar realizar o saque desses R$ 98 mil, eles colocaram que eu fraudei a plataforma e tiraram o dinheiro da minha conta”, completou outra.
Este último entrou em contato com alguém da plataforma, através de um dos meios disponíveis no próprio site, e ouviu uma promessa de pagamento. A resposta final, porém, foi outra: “Lamentamos informar que sua conta na Blaze foi fechada por ter sido usada por menor de idade e não haverá quaisquer benefícios que tenham sido obtidos nela”. O usuário, maior de idade, garante que foi o único responsável pelas apostas.
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As punições para a prática ilegal podem atingir empresas, apostadores e quem faz a divulgação dos jogos. Além de bloquear o valor de R$ 101 milhões da Blaze, em setembro deste ano, as autoridades também determinaram que o site fosse retirado do ar, mas sem sucesso. Um dos endereços eletrônicos usados pela plataforma chegou a parar de funcionar, mas surgiram outros e a oferta dos jogos seguiu. De acordo com a polícia, a empresa não tem sede nem representantes legais no país, o que dificulta o objetivo de encontrar os responsáveis.
Ainda segundo as autoridades, os relatórios financeiros que constam no inquérito indicam que parte do dinheiro arrecadado pela Blaze é destinada a três brasileiros. Eles seriam os donos ocultos da empresa. Nenhum deles foi identificado na reportagem.
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Os advogados da Blaze que se manifestaram, disseram ao “Fantástico” que a empresa tem sede em Curaçao, no Caribe, e que, portanto, não estaria sujeita à legislação brasileira, mesmo que suas atividades impactem pessoas do país.
Como apontado pela reportagem, todos os sete influenciadores citados também estão sendo investigados por terem divulgado o jogo ilegal. São eles: Jon Vlogs, Viih Tube, Mel Maia, Rico Melquiades, Juju Ferrari, Juju Salimeni e MC Kauan. “O jogo de azar é uma contravenção penal e o influenciador que faz essa propaganda é mecanismo essencial para isso”, explicou o delegado Luciano Giaretta.
Viih Tube disse que ao tomar conhecimento das denúncias contra a Blaze pediu o encerramento do contrato dela com a empresa. Juju Ferrari também afirmou que não divulga mais a Blaze e que “sua relação era apenas de publicidade”. A assessoria de Jon Vlogs apontou que ele tem contrato com a Blaze desde 2021 e que a relação é “exclusivamente de influenciador, não havendo participação acionária”.
Já a atriz Mel Maia, por meio de seus advogados, disse que “não possui conhecimento acerca de qualquer investigação envolvendo o site, tendo sido contratada apenas para realizar ações de publicidade, bem como que aguardará o desfecho do procedimento investigativo a fim de tomar as medidas cabíveis”. Rico Melquiades, MC Kauan e Juju Salimeni não retornaram o contato da emissora para a reportagem especial.
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Assista à reportagem na íntegra: