Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, desembarcou nesta sexta-feira (6), em Brasília, para conversar com o presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, sobre as denúncias de assédio sexual contra o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida. As informações são do portal Metrópoles.
A ministra cumpria agenda oficial no Rio de Janeiro quando o caso veio à tona. A previsão é de que a conversa aconteça ainda nesta tarde, segundo o veículo. O presidente cumpre agenda em Goiânia pela manhã e retornará à capital federal depois dos compromissos. Aliados de Franco informaram ao jornal que ela está disposta a confirmar as denúncias diretamente a Lula.
As acusações contra Almeida foram divulgadas nesta quinta (5), através da ONG Me Too Brasil, que combate o assédio sexual. As mulheres envolvidas pediram anonimato à organização, entretanto, autorizaram a divulgação dos relatos. Silvio se pronunciou e negou as denúncias. Anielle, por enquanto, se mantém em silêncio.
A reação e a decisão de Lula
Segundo Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, Lula reagiu com preocupação às denúncias. O presidente tomou a decisão de ouvir tanto Anielle como Silvio, separadamente. Lula, porém, avalia que a permanência do ministro dos Direitos Humanos no cargo é insustentável. A colunista afirmou que Anielle relatou o assédio a diversos integrantes do governo, mas teria decidido não confirmar nenhuma das denúncias, caso fossem parar na imprensa. O objetivo era evitar um escândalo.
Ainda de acordo com Bergamo, a ministra da Igualdade Racial foi questionada sobre o assunto em junho pela Folha de S. Paulo. Na ocasião, ela não confirmou nem negou o episódio. A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, também está a par dos relatos de assédio, que incluiria toque nas pernas, beijos inapropriados e expressões de conteúdo sexual, segundo a colunista.
Mônica informou que a reunião de Lula com Silvio também deve acontecer nesta sexta (6). Ele esperará a conclusão da investigação que será feita pela Controladoria Geral da União (CGU) e pela Advocacia-Geral da União (AGU) sobre o caso, para depois bater o martelo sobre o destino de Almeida.
Após a repercussão, o Governo Federal se manifestou, apontando que o ministro já foi chamado para dar explicações. Afirmou-se ainda que as denúncias de assédio contra Almeida são graves e que o caso será tratado com celeridade.
“O Governo Federal reconhece a gravidade das denúncias. O caso está sendo tratado com o rigor e a celeridade que situações que envolvem possíveis violências contra as mulheres exigem“, declarou o comunicado. “O próprio ministro Silvio informou que irá encaminhar ofício à CGU, ao Ministério da Justiça e à Procuradoria Geral da República para que investiguem o caso. A Comissão de Ética da Presidência da República decidiu abrir de ofício um procedimento de apuração“, acrescentou.
Os ofícios foram enviados aos três órgãos e são assinados pela Chefe de Gabinete Ministerial substituta, Fernanda Gabriela Menezes Carvalho. “Diante da gravidade do teor das informações amplamente compartilhadas, e reconhecendo que toda e qualquer denúncia deve ser investigada com todo o rigor da Lei, é urgente que os fatos sejam cuidadosamente apurados e processados“, diz o documento do ministério que foi encaminhado à CGU, à PGR e ao Ministério da Justiça.
A Polícia Federal também investigará as denúncias de assédio sexual contra Almeida. A informação foi confirmada pelo diretor-geral da PF, Andrei Passos Rodrigues, ao “Em Ponto”, da GloboNews. “[Vamos iniciar a investigação] por iniciativa própria, ainda não recebemos representação“, disse ele.