Jovem abandonada por motorista de aplicativo e estuprada em BH: Quatro homens são denunciados à Justiça

Ministério Público de Minas Gerais denunciou os envolvidos por estupro de vulnerável e omissão de socorro

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) denunciou nesta quarta-feira (23) quatro homens envolvidos no estupro da mulher de 22 anos após um show de pagode em Belo Horizonte, no final do mês passado. Eles estão sendo acusados dos crimes de estupro de vulnerável e omissão de socorro. O caso tramita em sigilo.

De acordo com fontes ligadas às investigações, o motorista de aplicativo que levou a jovem e a deixou desacordada na rua foi denunciado por estupro de vulnerável por omissão imprópria. Inicialmente, ele tinha sido indiciado pela Polícia Civil por abandono de incapaz. Wemberson Carvalho da Silva, de 47 anos, que apareceu no vídeo carregando a vítima no ombro, também foi denunciado por estupro de vulnerável. Ele está preso desde o dia 30 de julho.

O amigo da vítima, que estava com ela no show, assim como o motoqueiro que ajudou o motorista a deixar a vítima na rua, vão responder na Justiça por omissão de socorro. De acordo com o Estado de Minas, O MPMG pediu aos quatro indiciados uma indenização de R$ 100 mil para a mulher, por danos morais e materiais.

A decisão foi tomada com base no relatório policial. A pena inicial por omissão de socorro é de um a seis meses de reclusão ou multa. No entanto, o tempo atrás das grades por aumentar se, por consequência, houver “lesão corporal de natureza grave”. Já a pena para estupro de vulnerável é de 10 a 20 anos de prisão.

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A defesa da família da vítima disse em nota que “na posição de assistentes de acusação, nos filiamos ao entendimento adotado pela Polícia Civil no relatório de conclusão do inquérito e confiamos que a Justiça dará seguimento adequado ao caso”.

Entenda o caso

No início do mês, o “Fantástico” teve acesso a imagens exclusivas do episódio, que aconteceu enquanto a estudante e os colegas estavam em um bar na região da Pampulha. No registro, após acomodar a moça no carro, o amigo conversa algo com o motorista. Depois, o condutor do aplicativo segue a viagem de 12 quilômetros.

Quando chega ao local de destino, ele desce com o celular na mão, vai até o interfone e volta para o veículo. O motorista parece conversar com a jovem e, em seguida, tenta chamar alguém do prédio. Sem sucesso, ele pede ajuda a um motociclista para tirar a estudante do carro e a deixa encostada em um poste.

As câmeras de segurança ainda flagraram o momento em que a menina foi levada por um homem que passava pela rua. Ele a carrega no ombro, virada de cabeça para baixo, pelas ruas do bairro. O suspeito, identificado como Wemberson Carvalho da Silva, ficou três horas com a vítima. Ele só saiu do local quando o dia já estava claro. Ela foi encontrada em um campo de futebol, seminua e ainda inconsciente, por uma moradora que estava fazendo caminhada.

A moça foi quem chamou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), mas a família da menina alega que “os socorristas não prestaram o atendimento devido”. Segundo o médico e gerente do SAMU, Roger Lage, foi a vítima que recusou o atendimento. No mesmo dia, a jovem foi à delegacia e ao Instituto Médico Legal (IML), onde um laudo atestou o estupro. 

Segundo o depoimento do amigo, quando pediu o carro de aplicativo para a vítima, ele se ofereceu para ir junto, mas ela disse que não precisava e compartillhou a corrida com o irmão. O rapaz, porém, estava dormindo e só percebeu o desaparecimento no dia seguinte – quando avisou os demais familiares. “Minha família está em pedaços”, disse Késsia Rodrigues, irmã da vítima. “Foi de uma covardia, de uma maldade, sem precedentes”, completou Kelly Rodrigues.

“Quando a gente se deparou com aquelas imagens de dois homens tirando ela do carro e depois outro pegando ela, a gente sabia que alguma coisa tinha acontecido. Nisso ela chegou em casa, eu desesperada, ela chorando muito, sem saber o que tinha acontecido. Ela disse que se lembra de uma pequena parte do trajeto, depois só do momento em que o SAMU chegou. É muito difícil passar por isso”, continuou. Com um problema de nascença no esôfago, a estudante teve uma pneumonia por aspiração e precisou retornar ao hospital.

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