No último sábado (21), uma jovem de 18 anos teve o rosto tatuado à força com o nome do ex-namorado. Nesta segunda-feira (23), a vítima, Tayane Caldas, se pronunciou sobre o ocorrido e, em entrevista ao g1, revelou ter sido sequestrada e mantida em cárcere ao longo do fim de semana.
O caso aconteceu em Taubaté, no interior de São Paulo, e Gabriel Coelho, de 20 anos, foi detido por descumprir uma medida protetiva ao ter contato com a ex-namorada. Segundo Tayane, o rapaz não aceitou o fim do relacionamento e, por mais de uma vez, marcou o corpo da jovem com seu nome – a primeira vez no seio, a segunda na virilha e, desta vez, no rosto. “Quando eu olhei, não era mais eu, não sou eu com isso aqui. Para mim, ele me matou por dentro, acabou comigo com uma forma de me marcar e dizer que eu sou propriedade dele”, lamentou Tayane.
Ao portal, Caldas detalhou os horrores que passou nas mãos de Gabriel. Na sexta-feira (20), a estudante saiu de casa para ir a um curso, quando foi abordada pelo rapaz. Ele a obrigou a entrar no carro e os dois se dirigiram para a casa de Gabriel, onde Tayane passou por uma sessão de tortura, que incluiu agressões e ofensas.
Em meio aos golpes, o rapaz declarou que faria uma terceira tatuagem nela com seu nome, mas agora no rosto. “Logo depois das agressões, ele amarrou os meus dois braços e falou que ia tatuar meu rosto. Eu chorei, implorei. Eu pedi para ele não fazer isso porque ia destruir a minha vida e ele disse que faria mesmo assim. E enquanto eu gritava, ele me batia. Eu só vi a tatuagem pronta depois e só conseguia chorar”, recordou.
Após 24h sem notícias da filha, Deborah Velloso então abriu um boletim de ocorrência na manhã do sábado (21) e se dirigiu à rua do rapaz, onde encontrou Tayane dentro do carro com ele. Quando voltou para casa, a jovem apresentou hematomas e a tatuagem cobrindo a lateral do rosto. A mãe procurou a polícia e o jovem foi preso por descumprimento das medidas protetivas que Tayane entrou contra ele.
Versão de Gabriel
Já na delegacia, o acusado relatou uma versão diferente da história. Às autoridades, Gabriel apresentou um vídeo no qual Tayane dizia permitir a tatuagem e, com isso, alegou o consentimento da jovem. A versão, no entanto, é investigada pela polícia, já que a moça apontou ter sido ameaçada e amarrada durante a gravação.
Quando soube do sequestro, a mãe tentou conversar com Gabriel. O rapaz, no entanto, a encaminhou um áudio afirmando que não adiantava pedir, que nada mudaria o que pretendia fazer. Coelho foi preso e levado ao Centro de Detenção Provisória e o caso foi encaminhado à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). Ele segue detido após passar por audiência de custódia, no domingo (22).
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Relacionamento abusivo
Tayane revelou ao g1 que conheceu o ex-namorado há seis anos. Os dois, entretanto, só começaram a se relacionar quando ela tinha 16 anos. Os primeiros meses do namoro teriam sido tranquilos, mas ao longo do primeiro ano, Gabriel passou a se comportar de maneira possessiva e, eventualmente, a agredi-la, de acordo com Caldas.
“Ele começou impedindo que eu usasse uma roupa, depois de andar com meus amigos e quando eu vi já estava me batendo. Eu acabei contando para a minha mãe e terminamos. Oito meses depois, ele me disse que ia mudar e eu aceitei, foi o meu maior erro”, contou a estudante.
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Após reatarem o namoro, os jovens foram morar juntos. Foi a partir daí que Tayane teria passado a ser vítima de violência doméstica. Em uma dessas ocasiões, ela teve o seio e a virilha tatuados à força com o nome de Gabriel. Depois de fugir, Caldas começou a ser perseguida e pediu, na Justiça, duas medidas protetivas contra Coelho: uma em 2021 e outra em 2022. A mãe, Deborah, sempre acompanhava a rotina da filha, que não saía mais sozinha de casa por medo de ser pega pelo ex.
“Eu pedi uma protetiva depois disso, consegui um emprego e estava levando a minha vida. Ele me ameaçava, eu já não tinha mais rede social, celular, até que ele me pegou na rua e disse que iria cumprir a ameaça que tinha, de tatuar a minha cara com o nome dele”, compartilhou.
Caldas revelou que relatou o caso com a esperança de inspirar outras mulheres a procurarem ajuda. “Eu só quero que as pessoas que estão vendo o meu rosto assim, me vendo, não tenham medo. Não pode ter medo, precisa denunciar, porque tudo fica pior”, finalizou.
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