Mariana Cardim, mãe do jovem João Gabriel Cardim, que foi atropelado por Bruno Krupp em agosto do ano passado, mostrou sua indignação com a soltura do modelo. Após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) aceitar um habeas corpus da defesa, o rapaz deixou o complexo penitenciário de Gericinó, em Bangu, nesta quarta (29), usando tornozeleira eletrônica.
“A sensação que eu tenho é que a vida do meu filho não valeu de nada. É um desrespeito com a vida do meu filho, comigo, que tenho tentado me reinventar, me ressignificar”, desabafou Mariana em entrevista ao g1. Ela completou dizendo como é a sensação de não ter mais o filho ao seu lado. “É uma sentença de morte você não ter o seu filho mais com você, porque tudo meu incluía o meu filho”, lamentou.
Mariana contou que João Gabriel foi atropelado poucos dias depois da morte de um tio da família, num período difícil em que estavam passando, mas que tiveram muito apoio do garoto de 16 anos, que tentava sempre ver o lado positivo das coisas. “Meu filho tentava animar eu e minha mãe. Ele era muito espiritualizado em relação à morte”, admitiu.
“No dia 31 de julho, menos de um mês depois, eu saio para ir em uma festa e volto para outro lugar sem meu filho, sem nenhuma estrutura, sem nenhuma sanidade, à base de muitos remédios”, relembrou Cardim. Na ocasião, foi confirmado que Bruno Krupp dirigia a mais de 100 km/h na avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, quando a via permitia uma velocidade máxima de 60km/h.
Após o acidente fatal, a mãe de João confessou ter perdido sua independência, e que agora mora com um parente. “Fiquei dependente da minha família. Ele não levou a vida só do meu filho, ele levou a minha vida embora junto. É um vazio que a gente vive. É muito choro, é muita lágrima, é muita tristeza. É uma dor física”, concluiu.
A advogada de Mariana, Luciane Noira, que também estava presente na conversa, afirmou que entrará com um recurso para que a determinação do STJ seja revertida, e Bruno seja levado a júri. “A gente vai analisar todas as medidas cabíveis e possíveis para tentar reverter essa situação. Essa medida nos pegou com muita surpresa, ninguém esperava”, garantiu.
O ministro Rogerio Schietti Cruz foi o responsável pela decisão, alegando que Krupp é réu primário e portador de bons antecedentes. No documento, ele ainda diz não haver “indicação da periculosidade” que justifique a medida cautelar “mais gravosa”. Cruz ainda critica o fato de o modelo responder por homicídio doloso, pontuando que este não cabe na discussão no recurso atual.
Além da tornozeleira, Krupp também cumprirá outras medidas cautelares, como: entrega do passaporte, comparecimento mensal em juízo, suspensão do direito de dirigir, e proibição de acesso a nova permissão ou habilitação para dirigir.
Em sua conta do Instagram, Mariana Cardim também repudiou a saída de Krupp da prisão. “É com muita tristeza, revolta e indignação que recebi hoje (29/03/2023) a notícia do peso da decisão do STJ que coloca uma pessoa na rua, com a possibilidade de matar novamente outras pessoas”, escreveu. “No dia de hoje, a minha dor não tem tamanho, a saudade é inexplicável, continuarei lutando por justiça para que outras mães não passem, não sintam e não sofram o que estou sentindo”, declarou.
Em outro post, ela protestou: “Esse sorriso de deboche não dá pra aceitar. Queremos justiça!”