O Maníaco do Parque, Francisco de Assis, afirmou que a qualquer momento acabaria matando de novo, caso fosse solto. O relato foi feito na biografia “Francisco de Assis – O Maníaco do Parque”, do jornalista Ullisses Campbell, lançada na última semana. O livro conta a vida do criminoso, um motoboy que confessou ter matado 9 mulheres e atacado 23, nos anos 1990. Todas as situações ocorreram no Parque do Estado, na zona sul de São Paulo.
Ao ser perguntado pelo responsável do inquérito, o delegado Sérgio Luís da Silva Alves, se teria continuado assassinando mulheres caso não tivesse sido preso, o Maníaco afirmou que, caso fosse solto, a qualquer momento acabaria voltando a cometer crimes, “pois sente uma força de fazer o mal que só cresce”.
Ulisses estudou a vida do criminoso por dois anos, ouviu mais de 40 sobreviventes, leu milhares de páginas dos processos penais e acessou laudos de 12 exames realizados por Francisco de Assis com psicólogos e psiquiatras. Além disso, entrevistou familiares do homem, incluindo sua mãe, Maria Helena de Souza Pereira.
Uma análise feita em 1998 mostrou que Francisco tinha uma percepção de gênero distorcida. “Sua identificação com as figuras femininas e a expressão de uma intenção de ser como elas revelam um conflito interno significativo, sugerindo uma dissonância de gênero”, dizia o laudo, que também apontou que havia “uma dissonância entre sua identidade de gênero percebida e a almejada”.
O autor do livro também aborda a infância do serial killer, na qual ele sofreu diversos abusos, fala das milhares de cartas de admiradoras que ele recebeu na prisão, e também de sua soltura, daqui a quatro anos. Francisco foi condenado a 268 anos de prisão, dos quais cumprirá 30, período máximo de reclusão no país na época em que foi sentenciado — em 2019, o Código Penal aumentou o período para até quatro décadas.
Nos ataques, ele estuprava, mordia e estrangulava as vítimas. Recentemente, a mãe de Francisco revelou se receberá o filho, após a soltura. Anteriormente, Maria Helena havia declarado que não o receberia de volta, mas agora afirma que ainda tem esperanças de vê-lo sair do regime fechado. “A minha casa está aberta a todo momento que ele [quiser]. Não sei dele, se ele vai querer”, confessou.
Relembre o caso
Francisco de Assis Pereira protagonizou um dos maiores escândalos do Brasil, em 1998, quando assustou a cidade de São Paulo. Ele foi condenado a mais de 280 anos de prisão pelo assassinato de 7 mulheres, embora tenha confessado a morte de 9. Segundo apuração das autoridades, o criminoso também teria estuprado 9 de suas 16 vítimas. Atualmente, o criminoso está na Penitenciária Orlando Brando Filinto, de Iaras (SP), onde cumpre a sentença desde 22 de maio de 2009.