Um pronunciamento do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, sobre o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, pegou a todos de surpresa nesta terça-feira (19). No comunicado, o ministro afirmou que a delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal, e que, em breve, a solução do assassinato será anunciada.
“Nós sabemos que esta colaboração é um meio de obtenção de prova e traz elementos importantíssimos que nos levam a crer que brevemente teremos a solução do assassinato da vereadora Mariele Franco”, disse o ministro.
URGENTE: Alexandre de Moraes, do STF, homologa a colaboração premiada de Ronnie Lessa, anuncia o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. O ex-policial, que está preso, foi quem atirou e matou a vereadora Marielle Franco e o motorista dela, Anderson Gomes.
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Contudo, após o discurso, a GloboNews divulgou mais detalhes sobre a investigação. Ao vivo, César Tralli relembrou a prisão de Lessa e apontou como a polícia chegou aos possíveis mandantes do crime. “Isso tudo começa lá em julho do ano passado, quando foi preso o Élcio de Queiroz. Ele fez uma confissão para os policiais federais entregando quem participou com ele do homicídio”, disse o jornalista.
Na época, o ex-policial militar, que estava preso desde 2019, recebeu uma visita dos agentes na penitenciária federal de Campo Grande. A princípio, Lessa não queria cooperar, entretanto, após a polícia revelar o depoimento de Queiroz, ele mudou de ideia: “[Ele] recebeu os federais desconfiado, sem saber muito bem o que eles tavam indo fazer ali. Chegou até a dizer: ‘Vocês estão perdendo o tempo de vocês, tenho nada pra dizer’. Quem estava nessa viagem disse ao Ronnie Lessa: ‘A gente tem algo pra te contar, talvez seja importante você ouvir’. Ele [Lessa] demonstrou uma certa indiferença no primeiro momento, mas quem estava lá no presídio estava indo embora, quando ele falou: ‘Eu quero saber o que é'”.
“A partir desse momento, começava uma longa negociação para essa que é a fase mais importante e decisiva da investigação: arrancar os detalhes do que aconteceu e de quem o contratou para matar a Marielle Franco. Foram vários encontros gravados em áudio e vídeo e, a partir dessas revelações do Ronnie Lessa, é que a investigação vai avançando pra chegar aos mandantes. Quem contratou e por quê”, descreveu.
O âncora ainda reforçou que a polícia já tem todas as respostas para as perguntas, mas esperam os últimos ajustes para tomar as devidas providências. “Tudo isso a Polícia Federal já tem, e agora eles vão caminhar para a fase final, porque envolve foro privilegiado e nome de parlamentar no Congresso Nacional”, completou. Veja:
Apuração do @CesarTralli: a longa negociação da Polícia Federal para a fase mais importante e decisiva da investigação: fazer Ronnie Lessa contar quem o contratou para assassinar Marielle Franco. Saiba como foi.
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Marielle e Anderson foram assassinados no dia 14 de março de 2018, no centro do Rio de Janeiro. O carro em que eles estavam foi atingido por disparos de arma de grosso calibre. Apenas uma pessoa – uma assessora da então vereadora do PSOL – que estava no veículo sobreviveu.
Lessa está preso desde 2019 sob a acusação de ter atirado contra o automóvel. Ele foi expulso da corporação em 2021 e preso pela ocultação das armas que teriam sido usadas no crime. Além dele, Élcio de Queiroz, Maxwell Simões e Edilson Barbosa também são investigados por participações nas mortes. Segundo o g1, Lessa era o atirador, Queiroz era o motorista, Simões ajudou a sumir com as armas e Barbosa desmanchou o carro. Desde então, a polícia procura os mandantes do crime.