A médica Sandra Lúcia Bouyer Rodrigues, que foi agredida por uma família durante seu plantão no Hospital Municipal Francisco da Silva Telles, em Irajá, no Rio de Janeiro, usou suas redes sociais para desabafar sobre o caso. Na ocasião, a profissional recebeu socos e chutes, e precisou de atendimento urgente. A paciente pela qual ela era responsável, uma idosa de 82 anos, veio a óbito.
“Tenho mais de 30 anos de atuação na Saúde do Município. Com orgulho”, começou Sandra em uma publicação no Facebook. Em seguida, ela relembrou o incidente que culminou na morte de sua paciente.
“Nessa madrugada, fui vítima da precariedade e insegurança dos trabalhadores na Saúde. Agredida fisicamente por um homem que não soube ouvir (…) sem nenhum segurança. Resultado 5 pontos na boca, equimose, arranhões, polícia, delegacia, IML. E tudo isso assumindo um plantão SOZINHA com mais de 60 pacientes internados”, concluiu, afirmando que o texto era um “desabafo”.
O caso ocorreu na madrugada deste domingo (16), quando André Luiz do Nascimento Soares e Samara Kiffini do Nascimento Soares, de 23 anos, chegaram ao hospital. Ele procurava atendimento para um ferimento no dedo sem gravidade. De acordo com a polícia, os funcionários da unidade de saúde pediram para que eles aguardassem. No entanto, a dupla ficou insatisfeita com a demora e depredou a unidade de saúde, agredindo a médica de plantão.
Para o g1, o delegado Geovan Salomão Omena detalhou o caso. “Diante dessa confusão, a médica que estava na sala de atendimento foi saber o que estava acontecendo. Foi ofendida, foi agredida, recebeu soco no rosto. Por causa desse soco, ela teve um corte na parte interna da sua boca, onde ela precisou tomar quatro ou cinco pontos. Ela cai no solo, ele chutou ela no chão junto com a sua filha, a Samara”, contou. Assista:
Pai e filha são presos no Rio de Janeiro após agredirem médica pic.twitter.com/ATerSGONuE
— WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) July 17, 2023
Segundo o jornal O Globo, pai e filha foram presos em flagrante e terão que responder por homicídio doloso, com dolo eventual, dano qualificado ao patrimônio, lesão corporal e desacato. A filha responderá ainda pelo crime de coação. Durante a invasão, os dois chegaram a entrar na sala vermelha do hospital, onde ficam os pacientes com os quadros mais graves. Alguns deles chegaram a fugir para se esconder.
“Isso deixa de ser apenas crime de ameaça e passa ser coação no curso do processo, foi dessa forma que entendemos e registramos”, explicou o delegado da 27ª DP (Vicente de Carvalho). A audiência de custódia de André Luiz e Samara está marcada para a próxima terça-feira.