Um médico proctologista está sendo investigado por estupro após quatro pacientes o denunciarem. Paulo Augusto Berchielli, de 63 anos, teve sua prisão decretada pelo Ministério Público, mas segue foragido. De acordo com uma matéria exibida nesta quarta-feira (25), no Cidade Alerta, da Record TV, os crimes ocorreram em uma clínica particular de Tatuapé, na zona leste de São Paulo.
No depoimento exibido pela emissora, uma das supostas vítimas disse ter sofrido o abuso depois de realizar uma cirurgia de hemorroida. Ela teria pago o valor de R$5 mil na operação, mas ficou surpresa ao notar sangramento e dores em toda a região pélvica que, aparentemente, não tinham relação com o procedimento. “A sensação era de pedir a morte. Eu queria morrer. Não queria estar vivendo o que estou vivendo. Um pesadelo”, declarou a mulher.
Ela explicou que um assistente do médico a acompanhou nos preparativos da cirurgia, entretanto, no dia marcado, eram apenas ela e Berchielli. O estupro teria se repetido em uma nova consulta, no pós-operatório. Pela falta do uso de luvas, o local operado infeccionou. “Ele quase me matou, quase tirou a minha vida”, acusou.
Ao Metrópoles, outra paciente fez um relato parecido. Segundo ela, o caso teria ocorrido em 2022, também após uma cirurgia de hemorroida. “Eu estava ainda grogue por causa da anestesia, mas lembro, em flashes, dele me colocando de bruços na maca e minha cabeça batendo na parede. Vomitei. Depois de um tempo, vi que ele limpava o pênis em uma pia ao lado da maca. Ele me abusou no local onde havia feito a cirurgia [no ânus]. Fui em seguida na delegacia para registrar boletim de ocorrência”, contou em entrevista.
Ela levou as roupas que usava para serem periciadas na 5ª Delegacia de Defesa da Mulher; o resultado, porém, foi negativo. De volta ao local, a mulher percebeu que não foram realizados exames na calcinha que estava usando. Quando questionou o motivo, as funcionárias da unidade policial disseram que o objeto tinha sumido. “Uma delas perguntou para a outra se ela estava com calcinha, e tirando uma da minha cara porque eu perguntei sobre a minha, que tinha desaparecido”, relembrou, destacando ter se sentido “humilhada” pelas escrivãs.
Tempos depois, a calcinha foi encontrada e encaminhada para análise, tendo, dessa vez, resultado positivo para a presença de sêmen. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirmou “lamentar o atendimento recebido pela vítima” e que abriu um inquérito para apurar a conduta das agentes.
Uma terceira paciente de 46 anos também denunciou o abuso após uma cirurgia de hemorroida em junho deste anos. Depois do procedimento, ela “acordou com muitas dores no ânus e vagina” e relatou ter sido apalpada por Paulo Augusto em uma das consultas de pós-operatório. “Ele ainda apalpou minhas nádegas com o pretexto de ajudar a subir na maca”, narrou. O médico ainda teria cortado o dedo indicador da luva “em todos os exames” para “contato físico entre o dedo e a parte íntima” da vítima.
Cremesp investiga o caso e defesa se pronuncia
Em nota, o Conselho Regional de Medicina de São Paulo reforçou que está apurando a conduta do médico. “O Conselho esclarece, ainda, que, até o momento, não foi notificado oficialmente sobre o mandado de prisão [do médico]”, afirmou.
Já o advogado Daniel Leon Bialski, que defende o cirurgião, refutou as acusações. “Declaramos, ainda, que sua atuação sempre se pautou pela ética e respeito a seus pacientes, sendo reconhecido pela reputação ilibada conquistada ao longo dos mais de 40 anos de carreira, na qual atendeu e realizou procedimentos em milhares de pacientes, sem qualquer intercorrência ou acusação semelhante”, apontou o representante.