O médico Josias Caetano dos Santos, encarregado do procedimento de hidrolipo que levou à morte de Paloma Lopes Alves, de 31 anos, em São Paulo, defendeu a condição de saúde da paciente antes da cirurgia. Em entrevista à Folha de S. Paulo nesta quarta-feira (27), o profissional destacou que os exames realizados por Paloma indicaram que ela estava apta a realizar o procedimento.
“Ela era uma paciente jovem e saudável, que tinha realizado todos os exames necessários e estava clinicamente apta para a operação. Solicitei uma variedade de exames, incluindo função renal, hemograma completo, coagulograma, eletrólitos, e ecocardiograma, todos aprovados através de um aplicativo de saúde”, afirmou o médico.
Josias detalhou a preparação para a cirurgia, indicando que a avaliação inicial de Paloma foi feita via teleconsulta em 12 de novembro. “Avaliei o porte físico, as expectativas dela e o que desejava fazer. A gente conversou e fiz um questionário com ela”, comentou ao veículo. O médico relatou que seu primeiro encontro presencial com Paloma ocorreu apenas no dia da cirurgia, onde os detalhes foram revisados com ela e seu marido.
O procedimento, segundo ele, ocorreu sem anormalidades e com anestesista. “Fiz o abdômen e retirei 2 litros de gordura, nos flancos tirei mais 1 litro. No total, foram 3 litros de gordura, o que está dentro do aceitável e do limite de segurança para uma paciente de pouco mais de 60 kg”, explicou.
Após a cirurgia, Paloma acordou e parecia estável, mas logo enfrentou complicações respiratórias. “Ela estava com cateter de oxigênio e mesmo assim estava com dificuldade para respirar. Levei para o centro cirúrgico, que é uma UTI, tem carrinho de parada, tem desfibrilador. Nesse momento, o quadro respiratório piorou, ficou inconsciente e com pulso fraco. Fiz as manobras cardiorrespiratórias, junto com três enfermeiras e depois o médico anestesista”, detalhou o médico.
Paloma chegou a ser intubada, mas sofreu uma segunda parada cardíaca e não resistiu. “Aconteceu de ela voltar a ter batimentos cardíacos, voltou a respirar sozinha e a se movimentar. Mas piorou e voltou a ter a ter a segunda parada cardíaca. Não é normal uma jovem que teve um procedimento sem intercorrência não responder a ventilação mecânica. Não dá para saber sem perícia, mas é mais provável que tenha tido um colapso pulmonar ou cardíaco”, disse Josias, acrescentando que a operação não é um processo complicado. “Pode ser realizado no hospital day, que é o caso, com centro cirúrgico preparado, com carrinho de parada e desfibrilador, para um primeiro suporte em caso de intercorrência”, alegou.
Em meio a acusações de erro médico por parte de outros pacientes em cirurgias anteriores, o advogado de Josias, Lairon Joe Alves Pereira, defendeu a integridade do médico. “Não houve erro médico. Elas tiveram intercorrências e o advogado disse que quem entrasse com processo receberia indenização de 200 salários mínimos. O único intuito era financeiro e de causar visibilidade ao advogado”, afirmou a defesa. O doutor acrescentou: “Teve 20 pacientes mais ou menos com reclamação, sendo que a maioria era questão estética de posicionamento de cicatriz. Temos perícia criminal que não constatou erro”.
A prefeitura, entretanto, pontuou que a clínica estava irregular. Josias, por sua vez, disse que o estabelecimento pertence a ele, sendo apenas um prestador de serviço. “A clínica tem dono e responsável técnico. Até onde sei, estava regular e operacionalmente tudo certo”, concluiu.
Entenda o caso
Paloma Lopes Alves, morreu nesta terça-feira (26), após passar mal durante uma hidrolipo em uma clínica estética no bairro do Tatuapé, zona leste de São Paulo. Ela teve uma parada cardiorrespiratória e foi socorrida por uma unidade do Serviço de Atendimento Móvel (Samu). No entanto, já chegou sem vida ao Hospital Municipal.
Segundo o marido de Paloma, Everton Silveira, a companheira contratou o procedimento através das redes sociais, e o pagamento foi realizado por transferências bancárias a uma empresa em nome do profissional, no valor de R$ 10 mil.
A hidrolipo seria feita na região das costas e do abdome com o médico Josias Caetano, e a paciente tinha previsão de alta no fim da tarde. Porém, ela passou mal e sofreu a parada cardíaca. “A gente foi fazer o procedimento, e eu estava lá. Fizeram uma negligência enorme. Demoraram muito para chamar o Samu. A hora que eu vi que o Samu estava lá, eu saí correndo. Eles não me informaram o que estava acontecendo. Uma situação muito triste, delicada. Nossa, fora do comum. No hospital, tentaram reanimar, mas ela veio a óbito”, detalhou o marido.
Um boletim de ocorrência obtido pelo portal Metrópoles apontou, ainda, que o óbito teria sido decorrente de uma embolia pulmonar. O documento também constatou que o médico tinha várias reclamações nas redes sociais. De acordo com o SBT, ele já havia sido denunciado por mais de 20 mulheres em 2022. Leia os detalhes, clicando aqui.