Nesta segunda-feira (13), foi divulgado que a trancista Thais Medeiros de Oliveira, de 25 anos, teve uma lesão irreversível no cérebro. Segundo Rubens Dias, médico da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de Anápolis, onde a jovem está internada após cheirar pimenta em conserva, ela não deve voltar a fazer as atividades habituais.
Em entrevista ao g1, Dias explicou que a lesão foi causada pela falta de oxigenação no cérebro de Thais após uma parada cardíaca. “O que ela teve foi um período que o cérebro não tem oxigenação devida, porque o coração não estava bombeando sangue para o corpo. E ele gera uma lesão que é irreversível e tem um potencial de gravidade muito grande”, afirmou.
Apesar de não poder voltar totalmente às atividades cotidianas, o médico contou que pode haver uma melhora no estado de saúde. “Em relação ao prognóstico neurológico dela, a gente espera uma lesão neurológica grave. O que a gente tem de perspectiva é que, voltar às atividades normais dela, isso dificilmente vai acontecer. O cérebro pode ter uma recuperação, mas a gente acredita que voltar às atividades habituais, infelizmente, não”, finalizou ele.
Adriana Medeiros, mãe da jovem, também falou para o site que a filha segue em recuperação na enfermaria da Santa Casa de Anápolis. De acordo com um dos médicos que acompanham o tratamento de Thais, ela deve ser transferida para um centro de reabilitação.
Relembre o caso
Em 17 de fevereiro, Thais Medeiros de Oliveira, de 25 anos, foi internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em um hospital de Goiás, após cheirar pimenta bode. Segundo relato do namorado da jovem, Matheus Oliveira, Thais estava almoçando com ele quando começou a perder forças. “Ela estava na cozinha e entraram em assunto de pimenta. Então ela passou a pimenta no nariz e cheirou. A garganta dela começou a coçar e, logo em seguida, ela já foi perdendo as forças. E a levamos para o hospital”, contou o rapaz.
Thais, que tem asma, sofreu uma parada cardiorrespiratória. A jovem ficou cerca de sete minutos sem pulso e 15 minutos sem oxigênio. Adriana Medeiros, mãe de Thais, contou ao g1 que os problemas de respiração da filha são genéticos, e que a menina “nunca fumou, bebeu ou usou qualquer tipo de droga”. Medeiros apontou que a trancista nunca teve um quadro grave de reação alérgica antes do incidente.
Apesar de rara, existem outros relatos sobre a reação alérgica sofrida pela jovem. “Alergia a pimenta é extremamente rara, mas tem relatos na literatura [médica]. Ela entra no que chamamos de especiarias e alguns outros alimentos estão nesse conjunto, como a noz-moscada, pimenta preta, da Jamaica e canela”, disse a alergista e imunologista Lorena de Castro.
No dia 21 de fevereiro, Thais passou por um exame que mostrou um edema cerebral – um inchaço de uma região cerebral ou de todo o cérebro, resultado do acúmulo de líquidos no tecido, aumentando o volume e consequentemente a pressão intracraniana. No dia 4 de março a sedação foi retirada, mas ela não apresentou qualquer resposta neurológica aos estímulos.