Após passar oito dias desaparecida, uma menina de 12 anos, do Rio de Janeiro, foi encontrada na cidade de São Luís, no Maranhão. Segundo a Polícia Civil, a criança foi sequestrada por Eduardo da Silva Noronha – um homem de 25 anos que ela conheceu pelas redes sociais. As autoridades revelaram como a garota conseguiu pedir socorro, e mencionaram quando o sequestrador teria começado a premeditar o crime.
De acordo com o UOL, Eduardo encontrou a garota na saída da escola, em Sepetiba (RJ). Então, eles entraram em um carro de aplicativo e fizeram uma viagem de mais de 3 mil quilômetros até a capital do Maranhão. A corrida teria custado cerca de R$ 4 mil. Após chegar no local e ficar trancada o dia inteiro numa quitinete, sem acesso à internet, a menina percebeu que havia sido sequestrada.
O pedido de socorro
Como havia viajado só com as roupas do corpo, a menina foi a uma loja de roupas com o homem na última sexta-feira (10). Na ocasião, Eduardo pediu a senha do wi-fi da loja para fazer um Pix e efetuar o pagamento das compras. Segundo Ellen Souto, delegada titular da Delegacia de Descoberta de Paradeiros do RJ, foi neste momento que a garota aproveitou para conectar-se à internet, acessar o Instagram e entrar em contato com sua irmã.
“Ela [a menor] aproveitou a senha para acessar o Instagram e mandar uma mensagem para a irmã, dizendo que estava numa quitinete, não sabendo explicar onde era”, contou a delegada. Na troca de mensagens, a menina não soube dizer o bairro em que estava, nem o nome dos vizinhos. Ela apenas descreveu o homem fisicamente, disse que ele saía para o trabalho e a mantinha trancada em casa, e que sua janela dava de frente para outra janela.
Buscas e localização da vítima
Após as mensagens, as polícias do Rio de Janeiro e do Maranhão passaram a fazer buscas a partir da última localização do celular dela. “As únicas mensagens enviadas diziam que ela ficava trancada o dia inteiro e não tinha nenhuma possibilidade de fuga”, descreveu a delegada. “Começamos a levantar num raio ao redor desse estabelecimento comercial as quitinetes a partir das características fornecidas pela vítima no pedido de socorro”, acrescentou.
Depois de três dias de buscas, agentes da Superintendência de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP) encontraram a vítima em uma quitinete no bairro Vila Luizão, na tarde desta terça-feira (14). A delegada contou que a criança não sabia nem a cidade em que estava, tinha apenas a noção de que tinha sido levada ao Maranhão. De acordo com a garota, Eduardo teria feito um documento falso para ela, para que eles não tivessem problemas em sua viagem interestadual.
Prisão e suspeita de 2 anos de premeditação
Eduardo foi preso assim que chegou do trabalho. À polícia, ele negou ter estuprado a criança, mas admitiu que a beijou. No entanto, ele ainda assim pode responder por esse crime visto que, quando a vítima tem menos de 14 anos, a legislação considera estupro de vulnerável mesmo quando não há conjunção carnal. Ele também será investigado pelo crime de sequestro.
A Polícia Civil do RJ teve acesso ao bate-papo de Eduardo e a vítima no TikTok. De acordo com a corporação, o homem começou a falar com a menina quando ela ainda tinha 10 anos de idade, dois anos atrás. Com o histórico da conversa, as autoridades concluíram que o crime teria sido premeditado há bastante tempo, já que o açougueiro dizia que tinha planos de morar com a criança. “Nós estávamos receosos por ele até efetivamente matá-la, diante de todo um perfil de premeditação”, afirmou a delegada.
Ellen Souto ainda afirmou que a garota sempre foi levada à escola pela mãe. Foi só neste ano que a menina começou a ir sozinha para as aulas. Segundo o relato, isso teria facilitado que Eduardo a levasse para o Maranhão.
Buscas por motorista de aplicativo
Agora, as autoridades buscam identificar quem era o motorista por aplicativo que levou Eduardo e a menina até o Maranhão. A polícia quer entender por que ele aceitou a corrida e saber se ele tem relação com o crime. ”A gente acredita que o motorista possa ser do Rio de Janeiro. Ele [Eduardo] optou por esse transporte porque ela não poderia ir de avião e nem de ônibus porque estava sem documentação”, explicou o delegado do Maranhão, Marcone Matos, em entrevista à TV Globo.
De acordo com ele, depois de entrar em contato com a família, a menina se disse arrependida de embarcar na viagem com Eduardo e chorava muito ao dizer que queria voltar para casa. Inicialmente, ela foi levada à Casa da Mulher Brasileira, onde fez exames médicos e de conjunção carnal. O pai da criança viajou ao Maranhão para buscá-la nesta quarta-feira (15) e, segundo o g1, eles retornaram ao Rio de Janeiro na manhã desta quinta (16).