Nesta sexta-feira (10), a investigação sobre a morte dos pequenos Lucas Matheus, Alexandre da Silva e Fernando Henrique, de 9, 11 e 12 anos, respectivamente, teve um novo desdobramento. Após a Polícia Civil do Rio de Janeiro apontar que três dos cinco suspeitos pelos assassinatos também morreram, foi revelado que uma das crianças faleceu ao ser torturada pelos criminosos, enquanto as outras duas foram executadas.
“Eles foram torturados. Pode-se chamar de tortura. Em algum momento um deles falece, e eles acham que a solução daquele caso seria matar os outros dois e chamar alguém para levar os corpos para fora da comunidade”, detalhou o titular da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, Uriel Alcântara. A apuração foi feita ontem (9), durante uma operação na Comunidade do Castelar, realizada justamente com o intuito de encerrar o inquérito da morte dos garotos de Belford Roxo.
A ação visava cumprir 56 mandados de prisão, sendo que 31 haviam sido realizados. 15 pessoas já estavam presas, e outras 16 foram detidas na ação, duas delas, em flagrante. A TV Globo chegou a divulgar o diálogo entre dois dos traficantes envolvidos no crime. “Me colocaram como suspeito dessa morte das crianças também. Não viu não, na televisão?”, questionou o primeiro. “E tu não ‘quis’ nem bater. Lembra?”, rebateu o outro.
Cinco pessoas foram indiciadas por terem participação nas mortes das crianças. Ana Paula da Rosa Costa, a Tia Paula, Willer Castro da Silva, o Stala, e José Carlos Prazeres da Silva, o Piranha, foram apontados como mortos pelo “tribunal do tráfico”. A grande repercussão do caso teria feito com que a cúpula da facção criminosa CV (Comando Vermelho) decidisse tirar a vida dos supostos envolvidos. Edgar Alves de Andrade, o Doca, uma das lideranças do Comando Vermelho, continua foragido. O quinto indiciado não teve a identidade revelada e já está preso.
“Essa facção é a mesma que já torturou e matou jornalista, matou uma jovem menina e cortou ela porque não queria namorar um traficante, que matou um menino na Nova Holanda, que incentiva roubos de automóveis e cargas no Rio de Janeiro”, afirmou Ronaldo Oliveira, subsecretário de Planejamento Operacional da Polícia Civil. Embora os corpos de Lucas, Alexandre e Fernando não tenham sido encontrados até hoje, as autoridades alegaram que fizeram uma investigação detalhada para alcançar tais conclusões.
A quebra de dados de telefone também foi fundamental. “As análises indicaram que houve violência. Um irmão acusa o outro de transportar os corpos das crianças. Há um vínculo entre o condutor do veículo e a pessoa que teria chamado ele, que é a Tia Paula. Esse irmão a conhecia. E nós temos cinco investigados pelo homicídio e um sexto investigado pela ocultação de cadáver”, contou Uriel Alcântara.
As investigações apontam que as crianças foram mortas após furtarem o passarinho de um tio do traficante Wiler Castro da Silva, mais conhecido como Estala. Apesar da Polícia acreditar que Estala, Piranha e Tia Paula estejam mortos, eles são tratados como vivos no processo criminal, já que não foram encontrados corpos, nem provas concretas dos homicídios.