Mulher morta após lipo em BH teve gordura aspirada em excesso, e médico acaba indiciado

Lidiane Aparecida Fernandes morreu em dezembro, após passar por procedimentos de abdominoplastia e lipoaspiração

Lidiane

Nesta quinta-feira (28), a polícia mineira indiciou o médico Lucas Mendes por homicídio culposo, na morte de Lidiane Aparecida Fernandes. A moça faleceu em dezembro passado, aos 39 anos, por complicações de procedimentos de lipoaspiração e abdominoplastia, em Belo Horizonte. Segundo o UOL, a perícia confirmou que ela teve mais gordura retirada do que o volume máximo estipulado pelo Conselho Federal de Medicina.

“O médico legista afirma no seu laudo que houve a lipoaspiração de 9.320 ml gordura das áreas do abdome, flancos, dorso lombar, face interna da coxa, axila e tórax. O que por si só já gera estranheza, porque são muitas áreas”, disse a delegada Lígia Mantovani, responsável pelo caso.

O laudo médico apontou que foram retirados 10,02% do peso corpóreo da vítima em gordura, quando a proporção máxima é de até 7%. Com isso, para as autoridades, Lucas agiu com “imperícia e com a inobservância de uma regra de técnica da profissão médica”.

Além disso, de acordo com Lígia, os exames prévios de Lidiane mostraram que ela estava com a quantidade de hemoglobina três vezes maior do que o estipulado para o procedimento cirúrgico. “Com todas essas causas, somadas aos 18 depoimentos colhidos na unidade policial, concluiu-se que houve um homicídio culposo por parte do médico”, afirmou.

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O cirurgião também prestou depoimento e negou qualquer problema na cirurgia. “Ele nos conta que naquele momento tudo ocorreu de maneira normal e que essa vítima começou a apresentar uma reação depois, quando ela já estava na sala de recuperação”, descreveu a delegada. Agora, as autoridades iniciaram uma nova investigação, para averiguar se houve negligência médica no período pós-operatório. A defesa de Lucas ainda não se posicionou.

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Lidiane morreu pouco após procedimento cirúrgico. (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

Na época do falecimento, o médico se manifestou através de uma nota: “Perder uma paciente dessa forma foi e está sendo muito difícil para mim. Nenhum médico acorda de manhã para trabalhar com o objetivo de causar mal ao seu paciente. Algumas informações sobre o ocorrido e a paciente não tenho o direito de mencionar na mídia, pois tenho que respeitar o sigilo da relação médico-paciente. Quando os familiares estiverem se sentindo um pouco melhor, se for o desejo deles, estarei a disposição para conversar”.

Lidiane morreu na madrugada de 7 de dezembro. Segundo o depoimento da irmã, quando já estava no quarto, a vítima se queixou de dores e falta de ar. Diante da piora do quadro, os profissionais da clínica tentaram uma manobra de reanimação e acionaram o SAMU, que entubou Lidiane e a encaminhou para o Hospital Vera Cruz, onde a morte foi constatada.

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No atestado de óbito, o cirurgião apontou como causas choque cardiogênico, insuficiência respiratória e tromboembolismo pulmonar. Para os legistas que periciaram o corpo, ela morreu por anemia aguda. De acordo com o marido da vítima, as cirurgias foram feitas no Instituto Mineiro de Obesidade (IMO), localizado em um bairro nobre da capital mineira, e custaram R$ 20,5 mil.