Hugo Gloss

Mulher presa por bolo envenenado que matou três no RS confessa briga com a sogra; polícia revela detalhes de depoimento

Deise Moura dos Anjos foi presa suspeita de ser a autora dos crimes (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal; g1)

A investigação sobre o envenenamento que resultou na morte de três mulheres em Torres, no Rio Grande do Sul, continua revelando detalhes sobre a dinâmica familiar das vítimas e da principal suspeita. Deise Moura dos Anjos, que está atualmente sob prisão temporária, prestou depoimento à Polícia Civil, e comentou sobre os conflitos que antecederam os eventos.

De acordo com o jornal Zero Hora, Deise descreveu um relacionamento complicado com a sogra, Zeli dos Anjos, que envolvia desentendimentos frequentes, principalmente por questões financeiras. Ela relatou que, após uma dessas brigas, Zeli a bloqueou nas redes sociais. Além disso, a suspeita confessou ter chamado a sogra de “naja”, embora tenha enfatizado que nunca desejou mal a ela ou a qualquer outro membro da família.

Segundo o TJRS, um relatório preliminar extraído do celular da Deise indica que ela realizou buscas na internet, incluindo no Google Shopping, relacionadas ao termo “arsênio” e conteúdos semelhantes. O arsênio é um elemento químico encontrado naturalmente no ambiente e utilizado na fabricação de pesticidas. A exposição a essa substância pode causar intoxicação alimentar, problemas de saúde graves e, em casos extremos, levar à morte.

Segundo Marguet Mittman, diretora do Instituto-Geral de Perícias (IGP), análises laboratoriais apontaram que a fonte do veneno era a farinha usada no preparo do bolo. “Foram identificadas concentrações altíssimas de arsênio nas três vítimas, tão elevadas que são tóxicas e letais. Para se ter ideia, 35 microgramas já são suficientes para causar a morte de uma pessoa. Em uma das vítimas, havia concentração 350 vezes maior”, detalhou Marguet ao g1.

A defesa de Deise argumenta que a prisão temporária serve para fins investigativos e aponta que há muitas questões sem respostas no caso. Os advogados estão aguardando mais informações para formular uma defesa adequada.

Foto antiga mostra suspeita do crime sorrindo com sogra (Foto: Redes Sociais)

Morte de sogro é suspeita

Paulo, o marido de Zeli, faleceu em setembro sob circunstâncias suspeitas. Após a morte do sogro, a polícia descobriu que Deise havia realizado pesquisas sobre venenos fatais para seres humanos, e decidiu exumar o corpo.

Deise alegou aos investigadores que, antes da morte de Paulo, ele e Zeli haviam consumido bananas atingidas pela enchente em Canoas, o que levou a sintomas similares aos das vítimas do envenenamento em dezembro. Paulo não sobreviveu, enquanto Zeli se recuperou. “As coincidências nos levam a crer que, provavelmente, tenha ocorrido também um envenenamento, e isso vai se apurar”, disse Sabrina Deffente, delegada da 23ª Delegacia de Polícia Regional.

As autoridades planejam ouvir novamente tanto Deise quanto Zeli dos Anjos, que sobreviveu ao envenenamento. Segundo a Zero Hora, os interrogatórios serão conduzidos nas próximas semanas.

Relembre o caso

O envenenamento ocorreu em 23 de dezembro de 2024, durante um café da tarde em que sete membros de uma mesma família estavam reunidos. Três mulheres morreram: as irmãs Neuza Denize Silva dos Anjos, Maida Berenice Flores da Silva, e a filha de Neuza, Tatiana Denize Silva dos Anjos. Outras pessoas que ingeriram o bolo também passaram mal, mas resistiram.

Zeli dos Anjos, de 60 anos, segue hospitalizada, mas já deixou a UTI. Uma criança de 10 anos, que também ingeriu o bolo, recebeu alta no final de semana. Dois outros familiares que provaram o alimento, incluindo o marido de Maida, também foram hospitalizados, mas já estão fora de perigo.

Deise Moura dos Anjos é suspeita por envenenar 6 pessoas da própria família. (Foto: Reprodução / g1)

Deise, nora de Zeli, foi presa temporariamente no domingo (5). Ela está detida no Presídio Estadual Feminino de Torres e é acusada de triplo homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e emprego de veneno, além de tripla tentativa de homicídio.

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