A Polícia Federal (PF) deu mais um passo nas investigações sobre as denúncias de assédio sexual contra o ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. De acordo com a Folha de São Paulo, uma das mulheres que afirmam ter sido vítimas de Silvio prestou depoimento nesta terça-feira (10), e confirmou os atos de assédio.
Os detalhes do relato, assim como a identidade da vítima, estão sendo mantidos sob sigilo para preservar a integridade da investigação. Com as informações coletadas, a PF irá solicitar autorização ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta-feira (11), para a abertura de um inquérito para apurar a conduta de Silvio Almeida.
Como Silvio ocupava o cargo de ministro, cabe à corte decidir sobre a competência das investigações. No entanto, com a demissão do ex-ministro, ele perdeu o foro privilegiado, e o caso deve tramitar em primeira instância. Silvio Almeida nega as acusações.
As denúncias de assédio sexual contra o ex-ministro vieram à tona na quinta-feira (5), após uma reportagem do Metrópoles. Segundo o portal, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, seria uma das vítimas.
Além do assédio sexual, o UOL divulgou relatos de suposto assédio moral durante a gestão de Almeida no Ministério dos Direitos Humanos. O presidente Lula demitiu Silvio na última sexta-feira, após a repercussão das denúncias. Na ocasião, Lula determinou que outros auxiliares ouvissem Anielle, que confirmou ter sofrido assédio de Silvio. O ex-ministro, por sua vez, prestou esclarecimentos à CGU (Controladoria-Geral da União) e à AGU (Advocacia-Geral da União), e negou ter cometido o crime.
“Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país“, declarou Silvio, em nota. “Toda e qualquer denúncia deve ter materialidade. Entretanto, o que percebo são ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro“, apontou.
Horas mais tarde, Anielle afirmou nas redes sociais que “tentativas de culpabilizar, desqualificar, constranger, ou pressionar vítimas a falar em momentos de dor e vulnerabilidade também não cabem, pois só alimentam o ciclo de violência“.