A mulher de 34 anos que cortou o pênis do marido revelou que os dois decidiram reatar o relacionamento. Em entrevista a Ulisses Campbell, do jornal O Globo, Daiane dos Santos Farias disse que não tinha a intenção de matar Gilberto Nogueira de Oliveira, afirmou que o ama e que o ataque não passou de um “momento de desespero”.
Presa há 90 dias após ter cortado o órgão e jogado na privada, a cozinheira contou que, aos 12 anos, foi abusada sexualmente por um irmão de 30. Quando soube da traição do marido com uma sobrinha dela, de 15 anos, Daiane contou que os “traumas do passado vieram à tona, despertando uma série de gatilhos”.
Trauma do passado
“Quando eu tinha 12 anos, meu irmão mais velho de 30 (hoje com 52) abusou sexualmente de mim. Eu fui estuprada de forma recorrente por ele. Foi algo horrível e sofro esses traumas até hoje. Hoje, nem consigo falar sobre isso e nem vejo ele desde então. Quando soube que o Gilberto estava mantendo relações sexuais com a minha sobrinha de 15 anos, eu saí de mim completamente. Foi um gatilho muito forte. Na minha cabeça transtornada, ela estava sendo abusada também“, disse.
“Não diria que foi uma atitude vingativa. Estava me voltando contra tudo aquilo que passei quando fui estuprada pelo meu irmão. Foi uma forma de dizer ‘basta’. Depois de ter sido violentada na infância, o Gilberto passou a ser a minha única referência de amor. Fiquei descontrolada emocionalmente quando percebi que poderia perdê-lo. Ainda mais porque ele havia me traído com uma menor de idade. Com isso, meu trauma veio todo à tona. Quando cortei o pênis do Gilberto, pensei que estivesse mutilando o meu irmão. Pela raiva que eu guardo até hoje desse nojento“, acrescentou.
A ação extrema
Daiane relembrou o episódio e compartilhou o que sentiu no momento em que cortou o pênis de Gilberto. “Foi um momento de desespero. Estava fora de mim. Estava possuída. Não sei explicar direito. Só fui cair em mim quando fui presa. Não tinha a menor noção do que havia feito. Já não posso nem afirmar que fiz isso por causa da traição. Na hora, me vieram lembranças muito sinistras do meu passado“, explicou.
“[Senti] muita raiva. Estava sob efeito de um choque emocional. Fiquei muito impactada com a descoberta de que ele estava transando com a minha sobrinha. Foi tudo muito rápido. Eu vi a mensagem no celular e já tomei a atitude. Eu não sou essa mulher fria que as pessoas estão falando“, garantiu a cozinheira, que ainda afirmou não ser ciumenta.
“Muito, não. Eu e o Gilberto éramos muito grudados. Ele é motorista de aplicativo. Eu só ficava incomodada quando aparecia contatos de clientes mulheres novinhas no celular dele. Por isso pus fotos minhas no carro dele para as passageiras verem que ele é comprometido“, admitiu.
Reconciliação
Ela disse ainda que “o amor não acaba de uma hora para outra” e que tem trocado cartas com o frentista na prisão. “O Gilberto já me escreveu dizendo que o sentimento é recíproco. Antes da tragédia, eu o amava incondicionalmente. Estávamos planejando nos casar em janeiro e montar uma casa na floresta para os nossos filhos. Logo depois de ser presa, fiquei com muito ódio de tudo, inclusive do Gilberto pela traição com a minha sobrinha no dia do meu aniversário“, assumiu.
“Com o tempo, os sentimentos foram mudando. Depois de receber uma carta dele me perdoando, o amor floresceu novamente. Hoje, posso dizer que o amo mais do que antes. Os nossos laços se fortaleceram na adversidade. Tem sido um sofrimento muito grande estar longe dele. Queria poder cuidar do meu marido“, explicou a cozinheira.
Sobre receber uma visita do companheiro na prisão, ela disse: “Não vejo a hora de isso acontecer. Não só porque sinto muita falta dele, mas também porque isso seria a maior prova de que ele me perdoou. Também seria uma forma de eu demonstrar o meu arrependimento, pois as cartas não dizem tudo que eu sinto por ele. Quero olhar o olho dele e pedir para recomeçarmos a nossa vida do zero. Ainda pretendo trocar alianças de ouro com ele seja aqui dentro da prisão ou do lado de fora“.
Condenação e relações sexuais
Com julgamento marcado para daqui duas semanas, Daiane pontuou que não merece receber uma condenação pesada e garantiu que não tinha a intenção de matar o marido. “Tenho muito medo de ficar presa por muito tempo, longe de tudo e de todos, principalmente dos meus filhos e do meu marido. Não mereço uma condenação pesada. Fui à delegacia e confessei tudo. Em nenhum momento neguei o crime que cometi. Que fique claro: não quis matar Gilberto. Jamais. Se quisesse assassinar ele, teria passado a navalha em seu pescoço, e não no pênis. Não mereço passar o resto da minha vida aqui. Não mereço“, lamentou.
Questionada sobre o que aprendeu com toda a situação, a cozinheira falou que “nunca se deve tomar uma decisão importante sob forte emoção”. “Se o tempo voltasse atrás, faria diferente. Teria chamado meu marido para conversar. Poderia ter encerrado o relacionamento temporariamente e voltado depois, ou simplesmente expulsado ele de casa para sempre. Porém, minha escolha foi a mais errada de todas. Honestamente, nem falo isso por estar presa. Tenho refletido muito sobre a saúde do Gilberto. Não deveria ter feito o que fiz. Sinto muita vergonha e arrependimento“, garantiu ela.
“Meu sonho é ser inocentada pela Justiça. No entanto, sei que dificilmente isso vai acontecer, pois joguei o pênis do meu marido no vaso sanitário e dei a descarga. Isso impossibilitou o reimplante. No entanto, espero ter uma pena leve e sair logo, pois sou ré primária e uma mulher muito batalhadora. O que mais me deixou triste depois de ser presa é que meus filhos pequenos foram parar em lugares diferentes. Não sei se estão sendo bem cuidados. Não tenho tido notícias deles. Isso me deixa muito angustiada. Meus planos são refazer a minha família, reunir todos novamente, inclusive o Gilberto, que precisa muito dos meus cuidados“, acrescentou Daiane.
Por fim, a cozinheira ressaltou que deseja sim retomar o relacionamento, mesmo sabendo que o companheiro não possui mais o órgão sexual. “Se ele me quiser, eu quero. Até porque eu não me apaixonei pelo pênis do Gilberto, e sim pela pessoa bondosa que ele é. Posso tranquilamente amar um homem que não tenha pênis. Relacionamentos íntimos e afetivos são baseados em muitas outras coisas, como carícias e afetos. Sexo é só uma parte da nossa vida e nem era a mais importante. Um pênis nunca vai limitar a nossa relação. O importante é que haja compreensão, respeito mútuo e abertura para explorar formas de intimidade e satisfação dentro do relacionamento. Até porque existem outras áreas que despertam prazer. E também não tenho o direito de reivindicar algo que eu mesmo arranquei dele, né? Mas ele falou na carta que ganhou uma prótese“, concluiu.
Relembre o episódio
O caso aconteceu em dezembro de 2023, em Atibaia (SP), e repercutiu nas redes sociais. No boletim de ocorrência, Daiane – que se entregou à polícia – detalhou ter descoberto que Gilberto a traiu, no dia de seu aniversário, com a sobrinha de 15 anos. Após a descoberta, a cozinheira aguardou o marido em casa e, no local, iniciou uma relação sexual com o homem. Por fim, em meio ao ato físico, ela amarrou as mãos do parceiro com uma calcinha e, munida de uma navalha, cortou o pênis do marido.
Na sequência, a responsável tirou uma foto do órgão cortado, jogou a parte do corpo do esposo na privada e deu descarga. Ela encontrou o irmão logo depois e, acompanhada por ele, foi à delegacia de plantão de Atibaia para confessar o crime. Gilberto, por sua vez, se manifestou sobre o ocorrido e disse que a esposa estava “perdoada”.
“Ela é uma pessoa que vai marcar negativamente a minha vida para sempre. Mas como eu estou falando a todo o momento, eu tenho fé, primeiramente em Deus, e nada acontece na vida se não for a permissão de Deus. Infelizmente aconteceu isso, ela fez essa tragédia, está pagando por isso. A questão, se eu perdoo ela, a verdade é quem tem que perdoar é Deus. Mas, sim, da minha parte, ela está perdoada“, declarou a vítima, em entrevista à TV Thathi Campinas, afiliada da Record.