Hilda Francine, que se jogou do quinto andar de um prédio em Salvador, na Bahia, se pronunciou sobre as agressões do seu então namorado. Em entrevista ao “Encontro” desta quinta-feira (13), ela contou que sofreu socos, chutes e até mordidas de Igor Costa Campos, e exibiu os ferimentos após o ocorrido.
A mulher de 27 anos concedeu entrevista a Patrícia Poeta deitada em uma cama, com um curativo na testa e alguns hematomas no rosto. Hilda contou que estava sofrendo “muitas agressões” antes de decidir pular do apartamento. “Desde sábado, eu estava sofrendo muitas agressões, tanto verbais quanto físicas“, revelou.
Em seguida, ela explicou o que aconteceu momentos antes de escapar de Igor. “Eu falei para ele que eu estava sangrando, que era para ele me levar ao hospital. Ele se negou o tempo todo a me levar“, disse. A vítima afirmou que estava grávida e que um dos motivos para as agressões era de que Igor acreditava que ela havia feito um aborto.
“[Ele estava] dizendo que eu tinha abortado a criança. Eu estava grávida. Ele começou a me agredir. Primeiramente, eu estava deitada na cama. Aí ele me deu um soco nesse braço aqui“, falou ela, exibindo o braço direito machucado. “Ele me deu um chute na cama, que eu voei do outro lado e caí no chão. Foi quando ele saiu puxando o meu cabelo e me dando socos“, acrescentou.
Assim como relatado no boletim de ocorrência, Hilda disse que foi agredida com murros, chutes, cabeçadas e até mordidas pelo namorado. “Eu tentei sair várias vezes do apartamento, porque é um quarto e sala. Eu tentava sair e ele puxava meu cabelo de volta, me jogava várias vezes no chão, me deu chutes, vários chutes. Eu gritei muito pedindo ajuda“, desabafou.
Para ela, Igor estava sob o efeito de drogas e bebidas. “Me dava cabeçada, soco, pontapé, mordida, voadora. Me jogava, subia em cima de mim. Fumava as coisas dele e jogava na minha cara, zombava, ria de mim. Me humilhando, me xingando, me chamando só de coisa ruim. Eu falava pra ele: ‘Deixa eu ir embora, por favor’. E ele falando: ‘você já está morta, entenda que você já está morta’“, relatou.
Emocionada, Hilda também falou por que decidiu pular a janela. “Eu pensei: ‘A única saída que eu tenho é essa janela’. Não vi que era o quinto andar, se era alto, eu só queria me salvar. Eu lembro que chegaram muitas pessoas e perguntaram o que havia acontecido. Falei que estava sendo agredida e no momento que eu tentei sair, eu escorreguei e caí virada“, descreveu.
Relacionamento com Igor
Questionada por Patrícia se já havia sido agredida antes por Igor, a vítima revelou o ciúmes do companheiro. “Eu vivi em cárcere privado. Eu não podia nem falar com meus familiares direito, porque ele olhava todas as minhas conversas. Eu nunca saía sem ele de casa. Ele mudou meu chip de Maceió para cá (Salvador)”, revelou.
Hilda também rebateu a defesa do namorado, que negou qualquer tipo de agressão e afirmou que Igor tentou impedi-la de se jogar da janela. “Tudo mentira. Em nenhum momento, ele tentou me ajudar, em nenhum momento ele me deixou sair, em nenhum momento disse que queria terminar comigo. Ele só disse que iria me matar“, garantiu ela.
A mulher lamentou não estar dormindo bem, e nem ter recebido assistência médica e psicológica. “Eu não tenho condições de fazer nada“, lamentou. Por fim, ela pediu ajuda para voltar para Maceió. A chave Pix informada foi ‘hildavakinha@gmail.com’.
O caso
Hilda se jogou do quinto andar do apartamento, no último domingo (9), para fugir de Igor Costa Campos. O caso ocorreu em um condomínio de luxo na Avenida Luís Viana Filho, e está sendo investigado como lesão corporal dolosa. Ela caiu em cima de um elevado de madeira, que amorteceu a queda. A vítima sofreu fraturas múltiplas no corpo, teve um corte em uma articulação da pelve e foi liberada do hospital na segunda (10).
Em depoimento à polícia, Igor admitiu ter mordido a vítima e puxado os cabelos dela, mas negou as demais agressões. Ele disse que a briga foi motivada por uma crise de ciúmes da companheira, o que a teria deixado “transtornada”, “fazendo escândalo” e jogando coisas pelo apartamento após vê-lo conversando com uma mulher em uma chamada de vídeo. O suspeito alegou, ainda, que Hilda sofria de depressão e que a queda teria sido uma tentativa de suicídio ao ouvir que a relação havia acabado.