Hugo Gloss

Narcotraficante brasileiro é preso por conta de detalhe em story da esposa

Narcotraficante brasileiro é preso após mulher compartilhar localização em rede social (Foto: Reprodução/ Instagram)

O narcotraficante brasileiro Ronald Roland foi preso pela Polícia Federal (PF) na terça-feira (2), no Guarujá (SP). De acordo com a reportagem do Fantástico, da TV Globo, as publicações da esposa dele nas redes sociais ajudaram na investigação. Roland é suspeito de abastecer cartéis de drogas no México e de comandar um mega esquema de lavagem de dinheiro com empresas de fachada.

Uma loja de biquínis em São Paulo era um desses estabelecimentos. Segundo a polícia, em cinco anos uma fortuna de cinco bilhões foi movimentada pela quadrilha. Os posts de Andrezza de Lima Joel já tinham chamado a atenção dos investigadores. Em 2019, Roland foi preso depois que ela compartilhou a localização do casal.

A operação da PF desta semana aconteceu em sete estados, com apreensão de dinheiro, joias, armas, 34 carros, um barco e dois aviões. Oito pessoas foram presas. No momento da prisão, o narcotraficante, a mulher e a filha estavam dormindo. Apesar de sempre ter sido discreto, a mudança de Roland para um condomínio de alto padrão em Uberlândia, Minas Gerais, fez a Polícia Federal ficar atenta. Este era o local usado por ele para “ostentar”.

“Uma pessoa chegando em casa com um veículo de R$ 500 mil. Uma semana depois, com um veículo de R$ 1 milhão. Outra semana, com um veículo de R$ 800 mil. Isso chamou a atenção da vizinhança. Quem é essa pessoa que mudou para cá?”, explicou Ricardo Ruiz, delegado da Polícia Federal em Uberlândia.

O foco da operação que prendeu Ronald foi o combate à lavagem de dinheiro do patrimônio acumulado com o crime. Ao todo, mais de 100 empresas em áreas como construção civil, aviação, locação de veículos, comércios em geral e investimento em criptomoedas foram envolvidas na engrenagem da lavagem de dinheiro. Mais de 200 pessoas também estavam relacionadas com o caso, sendo a maioria delas “laranjas”.

“Foram adquiridas casas em nome de empresas, cujos sócios eram pessoas sem a mínima capacidade econômica para a aquisição de imóveis, veículos, aeronaves. Nós constatamos sócios de empresas, por exemplo, que trabalham em um restaurante, mas que são sócios de várias empresas que movimentaram dezenas de milhões de reais”, acrescentou o delegado.

De acordo com o relatório da Coaf, órgão de inteligência financeira do governo federal, a quadrilha agia da seguinte forma: os criminosos chegavam com sacos de lixo com muito dinheiro vivo. Eles faziam dezenas de depósitos fracionados em caixas eletrônicos. Assim que chamavam a atenção, eles iam embora da agência. Um exemplo foi a ação que aconteceu na Zona Norte de São Paulo. Neste caso, R$ 60 mil foram fracionados em 20 envelopes.

Segundo a PF, a empresa de biquínis de Andressa também foi usada no esquema de lavagem de dinheiro. Em um único dia, o estabelecimento recebeu R$ 200 mil em depósitos fracionados, feitos em um caixa eletrônico em Foz do Iguaçu. Andrezza também foi um doas alvos dos agentes esta semana.

“O que nós constatamos foi a ausência de capacidade econômica e financeira também da esposa, que construiu uma loja de biquíni que adquiriu veículos, aeronaves”, afirmou o delegado. A polícia declarou que a aeronave custou R$ 3 milhões. “Existem anúncios de biquínis, mas se os biquínis eram suficientes para comprar aeronave de milhões de reais, veículos de luxo, é uma outra questão”, analisou ele.

Ronald Roland ao lado de Andrezza de Lima Joel em uma postagem no Instagram. (Foto: Reprodução/ Instagram)

Apesar de Roland ter sido preso a primeira vez por causa das postagens de Andrezza, ela não parou de compartilhar a vida ao lado do parceiro nas redes sociais. Foi a mesma que exibiu as viagens do marido para Paris, Dubai, Maldivas e Colômbia. Ele, inclusive, tem uma extensa ficha criminal.

Ronald já era investigado pela Polícia Civil de São Paulo por crimes como sonegação de impostos, corrupção ativa, associação criminosa e falsidade ideológica. Desde 2012 ele era monitorado pela PF por envolvimento com o tráfico internacional de drogas. Nesta época, também já atuava como piloto de avião.

“Ele é uma pessoa altamente cautelosa. Existiram inúmeras operações da PF que investigaram organizações criminosas que atuavam eminentemente no tráfico de entorpecentes por toda América do Sul, Central e México, e o Ronald foi investigado nessas operações por associação com esses grandes narcotraficantes”, falou o delegado.

 A defesa de Ronald Roland e da esposa Andrezza declarou que não vai se manifestar sobre a situação porque não teve acesso a todo o processo.

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