Papai Noel se recusa a abraçar criança com autismo em GO, e shopping toma atitude

O caso aconteceu no último fim de semana em um shopping em Valparaíso

Design Sem Nome (26)

No domingo (18), o Papai Noel de um shopping em Valparaíso (GO) se recusou a abraçar e tirar foto com uma criança com autismo. Indignada, a mãe de Daniel Alves, de 4 anos, relatou o caso à ouvidoria do estabelecimento que imediatamente tomou atitude, demitindo o homem.

“O Papai Noel só virou e falou não, que não teria foto. Ele ficou balançando a mão, tipo para eu levar o Daniel, para sair com ele e me retirar”, contou Angélica Alves, mãe do menino, ao Metrópoles. Envergonhada, ela decidiu sair do ambiente com o filho. “Eu peguei o Daniel, muito sem graça, porque eu não tive como; eu não tive esforços para debater, não tive esforço para procurar ninguém”, desabafou.

Continua depois da Publicidade

Preocupada, a mãe disse que chegou a contar para as pessoas que estavam na fila sobre o autismo de Daniel, justificando o motivo dele estar inquieto. “Contei para o pessoal da fila… Ele fica um pouco agitado, ainda mais quando fica feliz. […] Nisso, eu falei que ele é autista pro Papai Noel”, recordou. Ainda assim, o homem se negou a conhecer a criança.

Angélica confessou que só foi entender o que, de fato, havia acontecido depois que chegou em casa. Foi então que no dia seguinte decidiu ligar para a ouvidoria do Shopping Sul, onde o caso ocorreu, e denunciar o homem. Depois da ligação, o estabelecimento dispensou o funcionário, que era de uma empresa terceirizada e convidou o pequeno Daniel para voltar ao shopping e tirar foto com o novo Papai Noel.

Papai Noel2
Daniel tinha o sonho de conhecer o Papai Noel (Foto: Acervo pessoal)

“O Daniel faz terapias, faz os tratamentos dele e nunca na vida que eu imaginei que um personagem pra criança pudesse fazer isso com ele. Então, a gente ficou muito triste mesmo, mas fiquei contente pelo fato de o shopping ter tomado as dores e ter atendido a gente”, declarou ela.

Apesar da triste situação, Angélica disse que pretende voltar ao shopping com Daniel e tirar a tão sonhada foto de Natal: “Espero de coração que, nos próximos Natais com Daniel, ele possa ficar à margem de preconceito”. Ela também fez um desabafo sobre o sentimento de rejeição. É muito dolorido você ver o seu filho sendo rejeitado. Eu senti o meu filho rejeitado e isso me doeu muito. Eu sei que eu vou presenciar, mas eu, de coração, espero que não, sabe? Eu quero meu filho inserido na sociedade como uma como qualquer outra”, expressou.

Ao jornal O Globo, a mãe do menino afirmou que não foi a primeira vez que ele sofreu preconceito. “A primeira vez foi na antiga escola dele, quando ele passava mais tempo na sala dos professores com os adultos do que em sala de aula com as outras crianças. Quando eu questionei a diretora sobre a situação do meu filho, ela não sabia o que me responder. Porém, na escola o Daniel não entendia tanto. Hoje ele já sabe o que é tirar uma foto com o Papai Noel”, pontuou ela, comparando as duas situações.

Continua depois da Publicidade

Segundo Angélica, o filho, que até pouco tempo era não-verbal, entendeu o ocorrido no shopping, já que está apresentando melhora com terapias e outros processos. “Foi muito triste e ele sentiu o que aconteceu. Hoje fui gravar um vídeo para relatar a situação e na mesma hora ele virou o meu rosto e falou que estava muito triste”, disse ela. “O avanço do meu filho tem sido muito grande, então ele já está formando as frases e mostrando o que quer comer, por exemplo. Eu espero que isso que aconteceu não gere um tipo de bloqueio nele”, concluiu.

O Shopping Sul divulgou uma nota ao Metrópoles afirmando que o estabelecimento “repudia todo e qualquer ato de discriminação”. “Toda equipe contratada pelo shopping, por meio de agência especializada, passa por treinamentos para contato com o público e são sempre priorizados profissionais experientes nestas contratações. O shopping reforça ainda que a situação narrada não reflete os valores da empresa, que baseia as suas relações em princípios como ética, respeito e igualdade”, escreveram os representantes do local.

“Pedimos desculpas à família, em especial à criança e sua mãe, bem como a todos e todas que, direta ou indiretamente, tenham se sentido ofendidos pelo fato descrito acima”, finalizou a administração do shopping, ressaltando ainda que “medidas cabíveis de enfrentamento ao tema serão tomadas”.

Siga a Hugo Gloss no Google News e acompanhe nossos destaques