Hugo Gloss

Paraquedas em aviões de grande porte seria “pior para a sociedade”, diz especialista, que explica o porquê

Nos últimos dias, o acidente com a aeronave da Voepass gerou debates sobre segurança aérea e a possibilidade de usar paraquedas como uma alternativa para evitar acidentes fatais. No entanto, em entrevista ao Band.com.br, o especialista James Rojas Waterhouse esclareceu por que essa opção é considerada “impraticável” para aviões de grande porte.

Os questionamentos surgiram após a queda do avião bimotor ATR-72 em Vinhedo, São Paulo, que resultou na morte de 62 pessoas após uma queda de 4 mil metros em um minuto.

Avião caiu em condomínio em Vinhedo, e acidente resultou na morte de 62 pessoas (Foto: Reprodução/ GloboNews)

Em resposta, o professor da USP, que é especialista em Engenharia Mecânica com foco em aeronaves, explicou que, embora o uso de paraquedas esteja sendo desenvolvido e seja utilizado em pequenos aviões monomotores, essa tecnologia é “impraticável” para aviões comerciais maiores.

“Conforme aumenta o tamanho e peso do avião, o uso do paraquedas fica muito além, impraticável para o uso comercial. Várias outras alternativas para equipar o avião foram propostas, como uma cabine que pudesse ser destacada do avião com o paraquedas e muitas outras, mas nenhuma é prática e segura”, explicou James.

O especialista apontou que a maioria dos acidentes ocorre durante a decolagem ou o pouso, momentos em que não haveria tempo suficiente para o uso do paraquedas, tornando-o uma solução pouco eficaz.

Haveria, também, um encarecimento dos voos no mundo e o paraquedas seria um item pouco efetivo em segurança. “Quando você encarece o voo, há uma redução na quantia de pessoas que têm acesso ao transporte aéreo, então acaba levando muita gente para o transporte terrestre e, no trajeto, o nível de segurança é milhares de vezes inferior ao de um avião”, afirmou Waterhouse.

Ele concluiu que o uso de paraquedas em aviões comerciais poderia causar problemas ainda mais graves. “No balanço geral, a solução seria muito pior para a sociedade. Aparentemente, resolve um problema, mas cria outro maior ainda. O objetivo é sempre balancear e reduzir o número de óbitos”, finalizou o professor.

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