Passageiros que estavam no voo da Air Europa, que partiu de Madri, na Espanha, e precisou fazer um pouso de emergência em Natal (RN), relataram o pânico ao passarem pela turbulência. À TV Globo, eles apontaram o desgaste físico que sofreram durante e após o acidente, além dos ferimentos.
Ainda nesta segunda-feira (1º), o grupo, formado por 325 pessoas, foi levado de Natal para Recife em cinco ônibus. Do aeroporto internacional na capital pernambucana, os passageiros seguiram em um novo voo para Montevidéu, no Uruguai, destino final da viagem.
A estudante Victoria Reolato estava em um dos veículos, com outras 50 pessoas, e desembarcou no terminal aeroportuário por volta das 21h. Na entrevista à emissora, ela contou que devido ao impacto da queda, machucou o dedo médio da mão esquerda e ficou com alguns hematomas na cabeça.
“Acho que o dedo fraturou, mas não mais que isso. Há manchas de sangue [na calça] que não são minhas. E tem um galo na cabeça. Mas estou bem”, afirmou Victoria. Em seguida, ela recordou os minutos de desespero dentro da aeronave, que enfrentou uma forte turbulência no percurso. De acordo com Reolato, o avião teria caído 400 metros de uma vez só. A estudante ainda impressionou ao relatar o que aconteceu com quem estava sem cinto.
“Foi como um ‘objeto de ar’ que nos sugou. E o avião caiu 400 metros de uma vez. Houve muitos feridos. O avião também, por dentro, se ‘quebrou’ muito. Por sorte, não tive nada, porque tinha colocado o cinto, mas quem estava sem cinto voou [dentro do avião]. Foi impressionante. Mas foi um segundo também. Muito rápido. Não cheguei a dar conta do que se passou”, detalhou a estudante.
Já o comerciante Luciano Campos definiu o episódio como “um caos total, no avião e fora”. “Queremos voltar ao Uruguai. Foram muitas horas, estou muito cansado”, reclamou. A boliviana Sandra Saldaña, por sua vez, afirmou que algumas pessoas “voaram” para o teto da aeronave durante a turbulência. “Foi muito desespero”, desabafou.
Outros passageiros foram abordados para comentar o acidente, mas acabaram criticando o trajeto de Natal até Recife. Para o garçom Pablo Fernández, a viagem foi um “desastre”. “Mas, por sorte, estamos vivos. É isso que importa”, ponderou.
A garçonete María Ignez disse que passou quase a viagem toda sem se alimentar. “Nos disseram que iam nos levar a um hotel, mas estamos aqui [no aeroporto] outra vez, sem água e sem nada”, pontuou. Ela explicou que a previsão era de que o novo voo decolasse às 2h da madrugada, o que significaria cinco horas de espera no aeroporto.
Assista:
Passageiros relatam momentos de tensão após pouso de emergência em Natal pic.twitter.com/5yjVI1pbxv
— WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) July 2, 2024
Sobre o caso
Segundo a Zurich Airport Brasil, que atua no aeroporto de Natal, o Boeing 787-9 Dreamline solicitou o pouso de emergência às 2h32, do dia 1º de julho. Inicialmente, a empresa comunicou que o voo tinha partido da Holanda, mas a informação foi corrigida minutos depois. Então, foi confirmado que ele saiu de Madri, na Espanha, com destino a Montevidéu, no Uruguai. Nenhuma parada estava programa no percurso.
De acordo com o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) Metropolitano, 32 passageiros de nacionalidades diferentes foram atendidos. Mais de 10 deles foram levados para o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, em Natal.
A equipe médica explicou que os pacientes bateram a cabeça durante a turbulência e apresentavam fraturas na cervical, lesões na face e dores no tórax. A companhia aérea acrescentou que sete passageiros trataram lesões de graus variados, além de um “número indeterminado de pessoas com pequenas contusões”.