O pastor Davi Passamani foi preso na noite desta quinta-feira (4), em Goiânia, suspeito de crimes sexuais. A prisão foi feita pela Delegacia Estadual de Atendimento Especializado à Mulher, quando o líder religioso chegava para participar de um louvor em um local no Jardim Goiás. Ele passou a ser investigado após duas denúncias de assédio sexual. A defesa se manifestou e negou as acusações.
Leandro Silva, advogado do pastor, afirmou que a polícia se recusou a entregar uma cópia da decisão judicial. “A autoridade policial informou verbalmente a este advogado que o motivo da prisão seria o fato de Davi Passamani estar presente em louvores, e que isso representa risco à sociedade de ocorrência de possíveis novas vítimas de assédio”, declarou.
Assista ao momento da prisão:
⏯️ Veja o momento da prisão do pastor Davi Passamani por crime sexual.
Segundo a PCGO, religioso representa risco à segurança das mulheres. Crime de importunação sexual ocorreu em dezembro de 2023.
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— Metrópoles (@Metropoles) April 5, 2024
“Esta prisão, segundo a delegada, está relacionada ao inquérito policial inaugurado no final do ano de 2023 por suspeita de assédio. Porém, embora esgotado o prazo de 30 dias para a conclusão dele, a autoridade policial foi omissa e não o concluiu, provavelmente, aguardando o momento oportuno para o espetáculo público. A defesa qualifica as informações contidas nesse inquérito de vazias, lacunosas e genéricas”, afirmou Silva.
O advogado destacou que o líder religioso nunca foi condenado criminalmente por assédio sexual. “Tudo não passa de uma conspiração para destruição de sua imagem e investida ilegítima de seu patrimônio, ruína financeira, bem como o impedimento de qualquer prática religiosa”, salientou. “A defesa desconhece qualquer ordem judicial que o impeça de qualquer prática religiosa e não descumpriu ele nenhuma ordem judicial. Providências serão tomadas para a retomada de sua liberdade”, acrescentou.
Indenização
Em 26 de março deste ano, Davi Passamani foi condenado a indenizar uma vítima de importunação em R$ 50 mil. Segundo a defesa da mulher, o valor será destinado a instituições que acolhem mulheres vítimas de violência. A denunciante chegou a ser chamada de “sonsa” por um desembargador do caso.
“Essa moça mesmo falou que é sonsa, ela mesma usou essa expressão. [Queria perguntar] se ela não foi muito sonsa, no século em que a gente está. É outra dúvida”, disse o desembargador do TJGO (Tribunal de Justiça de Goiás), Silvânio de Alvarenga durante a sessão, que aconteceu no último dia 19.
“Com esse rigor processual, essa caça às bruxas, caça aos homens, daqui a pouco não vai ter nem encontro. Como você vai ter um relacionamento com uma mulher se não tiver um ataque? Vamos colocar ataque entre aspas”, completou o magistrado.
Denúncias
Uma das vítimas denunciou Passamani por assédio sexual em 20 de dezembro de 2023. A mulher relatou que o pastor enviou para ela mensagens com teor sexual, descreveu fantasias eróticas e ainda fez uma chamada de vídeo mostrando o órgão sexual. O caso é investigado pela Polícia Civil.
A mulher contou à polícia que havia procurado Davi para um aconselhamento, após passar por uma crise em seu namoro. Segundo ela, a conversa em questão teria começado quando o pastor perguntou sobre o namoro dela. Ela agradeceu as orações e disse que tinha terminado o relacionamento. A partir desse momento, o diálogo teria evoluído para investidas sexuais por parte do líder religioso.
Na ocorrência, a vítima também afirmou que Passamani fez uma chamada de vídeo com ela e mostrou o pênis. Depois, ele desligou a câmera e, apenas por áudio, passou a se masturbar. A mulher acrescentou que, mesmo com o fim da chamada, o pastor continuou mandando mensagens, mas ela não respondeu mais. A investigação está sob sigilo.
Em março de 2020, uma estudante veterinária, de 20 anos, também registrou um boletim de ocorrência por assédio sexual. A denúncia foi formalizada na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) de Goiânia, que apurou o relato e encaminhou o inquérito ao Ministério Público.
De acordo com a jovem, o assédio teria ocorrido pouco mais de um ano antes da denúncia. Contudo, ela justificou que teve medo e insegurança em expor a situação na mesma época. Nas postagens em perfil no X (antigo Twitter), a denunciante garantia ter provas da queixa como áudios, mensagens de texto e até vídeo de uma chamada que Possamani teria feito com ela.
O advogado do pastor, por sua vez, disse à época que ele foi afastado das funções ministeriais para tratamento médico especializado. Também no final de março, Davi gravou um vídeo no qual ele negava a prática de crime e avisava sobre o apoio psiquiátrico que havia procurado.
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