Hugo Gloss

PM acusado de matar campeão mundial de jiu-jítsu, Leandro Lo, é preso em SP, e causa revolta em delegacia; assista

Neste domingo (7), a Polícia Civil de São Paulo prendeu o policial militar Henrique Otávio Oliveira Velozo, suspeito de atirar e matar o campeão mundial de jiu-jitsu, Leandro Pereira do Nascimento Lo.

O PM era procurado desde a madrugada do domingo, quando o disparo contra o atleta aconteceu. Segundo testemunhas, Henrique fugiu da cena do crime. De acordo com o delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Osvaldo Nico Gonçalves, o suspeito se apresentou na Corregedoria da PM na tarde de ontem (7), informação que foi confirmada, também, pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo.

Velozo passará por uma audiência de custódia nesta segunda-feira (8), e, na sequência, será encaminhado ao Presídio Romão Gomes, permanecendo à disposição da Justiça. O pedido de prisão foi emitido pela Polícia Civil e vale por 30 dias, prorrogáveis por mais 30 no caso de nova solicitação do delegado responsável.

Justiça determinou prisão por 30 dias de Henrique Otávio Oliveira Velozo, suspeito de matar Leandro Lo após briga durante um show na Zona Sul da capital paulista. (Foto: Reprodução/g1)

Lutadores de jiu-jitsu protestam em delegacia

Após repercussão da morte de Lo, um grupo de mais de quarenta lutadores, colegas e amigos do campeão mundial se dirigiu ao 17º Distrito Policial, no Ipiranga, zona sul de São Paulo, onde passou o fim da tarde e parte da noite de ontem (7) esperando a chegada do PM suspeito.

Segundo o delegado-geral da Polícia Civil São Paulo, Osvaldo Nico Gonçalves, Henrique seria, de fato, encaminhado para o 17º DP para prestar depoimento e, em seguida, levado ao Presídio Romão Gomes, da PM, na Zona Norte. No entanto, mais tarde, a polícia decidiu que ele iria direto para a prisão.

Na delegacia, o advogado defensor do PM, se recusou a falar com a imprensa e não deu informações sobre o caso. Após sua chegada, o grupo em frente à delegacia começou a bradar frases como “justiça”, “jiu-jitsu, unido, jamais será vencido”. Os amigos da vítima também diziam “ele sujou a farda de vocês, ele não representa a PM” e pediam para que a polícia mostrasse o rosto do atirador.

Pouco antes, a multidão assumiu que uma viatura estava com o atirador e começou a urrar e gritar palavras como “vagabundo” e “assassino”. Em meio à confusão, outros pediam calma. As autoridades chegaram a disparar gás de pimenta para conter o grupo, mas em pouco tempo a situação foi controlada. Confira o vídeo abaixo:

https://twitter.com/MidiasSo/status/1556621785340198912?s=20&t=Li3cwF4Kz9J_fT3wyyoirw

Leandro é velado em São Paulo

Na noite de sábado (6), o campeão mundial de jiu-jítsu Leandro Lo, de 32 anos, levou um tiro na cabeça, durante um show no Clube Sírio, na Zona Sul de São Paulo (SP). O boletim de ocorrência (B.O) atesta que o disparo foi feito por um policial militar. O advogado da família de Lo, Ivã Siqueira Júnior, confirmou ao g1 que o atleta teve morte cerebral.

Henrique Otávio Oliveira Velozo foi identificado, por testemunhas, como o suspeito de efetuar o crime e, no documento enviado à Justiça, a SSP apontou o militar como “autor do homicídio”. De acordo com o advogado dos Lo, Leandro teve uma discussão com o Henrique durante o show, quando esse pegou uma garrafa da mesa do lutador. Em uma tentativa de acalmar a situação, o campeão de jiu-jitsu imobilizou o PM, que, após se afastar, sacou uma arma e atirou uma vez na cabeça do atleta.

Ivã apontou que o agressor ainda deu dois chutes em Leandro, que estava no chão, e fugiu na sequência. Poucos teriam escutado o barulho do tiro, pois o som estava alto devido à natureza do evento. Um amigo de Leandro presenciou o crime e revelou, em depoimento, que o autor estava sozinho e provocou Lo e cinco amigos, reunidos em uma mesa. “Ele chegou, pegou uma garrafa de bebida da nossa mesa. O Lo apenas o imobilizou para acalmar. Ele deu quatro ou cinco passos e atirou”, contou a testemunha, que preferiu não revelar sua identidade.

O atleta foi socorrido e levado ao Hospital Municipal Arthur Saboya, no Jabaquara, também na Zona Sul de SP, mas infelizmente não resistiu. O corpo do campeão mundial de jiu-jítsu será velado e sepultado nesta segunda-feira (8). A cerimônia acontecerá no Cemitério do Morumbi, na Zona Sul de São Paulo.

Histórico de violência

Há cinco anos, o tenente da Polícia Militar Henrique Otavio Oliveira Velozo se envolveu em outra confusão que resultou em violência. Segundo a denúncia recebida pela 1ª Auditoria da Justiça Militar, no dia 27 de outubro de 2017, Velozo estava na The Week, na Lapa, Zona Oeste, quando agrediu outro oficial de nível hierárquico inferior. Segundo o boletim de ocorrência, Henrique desferiu socos em um soldado que havia sido chamado para atender a uma ocorrência no local.

De acordo com a acusação, PMs foram acionados ao endereço após Velozo se envolver em uma briga no interior da balada. Ele, por sua vez, alegou que agiu apenas para separar sete pessoas que agrediam um primo seu. “Em dado momento, o soldado (a reportagem suprimiu o nome do policial) se afastou do denunciado e esticou o braço, em nítida intenção de mantê-lo a distância. Neste instante, o tenente Velozo desferiu um soco no braço do soldado. Em seguida, o denunciado desferiu outro soco, visando acertar o rosto do soldado”, cita a denúncia.

Nervoso e exaltado, Velozo então teria agredido verbalmente um outro tenente que chegou ao local, dizendo: “Você é meu recruta”, “Seu covarde”, bem como outros palavrões. O Ministério Público optou pela condenação de Velozo por ter praticado violência contra inferior, pelos socos dados contra o soldado, e por desacato. No entanto, o tenente Velozo foi absolvido das duas acusações.

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