Polícia aponta causa da morte de estudante, e professora revela como era comportamento do atirador

Após o ataque, realizado na manhã de ontem (26), o adolescente está apreendido e internado no hospital, em estado grave. Nesta terça-feira (27), a polícia detalhou a ação de atirador

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Nesta terça-feira (27), a professora de inglês do jovem que matou uma colega em Barreiras, na Bahia, se manifestou sobre o episódio. Após o ataque ao Colégio Municipal Eurides Sant’Anna, a profissional da educação deu detalhes sobre o comportamento do estudante e afirmou que ele era um aluno introspectivo. O delegado Rivaldo Luz também comentou o caso, que aconteceu na manhã de segunda-feira (26).

Ele era um aluno muito calado. Se expressava poucas vezes nas aulas, mas fazia as atividades escritas com muito capricho. Sempre sentava no mesmo lugar, e se relacionava sempre com os mesmos colegas que estavam próximos a ele. Não era um aluno de muitas amizades, interagia pouco e a interação era sempre com os mesmos colegas”, explicou a professora Aline Herok à TV Globo. 

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Nós não tínhamos conhecimento de comportamento violento, a família nunca nos procurou demonstrando esse comportamento diferente. Na sala de aula, ele não demonstrava nenhum aspecto de agressividade, de violência, ele era muito calmo, muito tranquilo”, descreveu Herok. 

Armas foram apreendidas com o atirador. (Foto: Divulgação/ Polícia Militar)
Armas foram apreendidas com o atirador. (Foto: Divulgação/ Polícia Militar)

No ataque realizado ontem, o adolescente utilizou um revólver, duas armas brancas e um objeto semelhante a uma bomba caseira. O jovem utilizou um facão para atacar a estudante Geane Brito, que veio a óbito ainda na escola. De acordo com as autoridades, a moça morreu após ter sido degolada pelo rapaz e não resistir aos ferimentos graves.

Segundo a professora de inglês, que também lecionava à vítima, o falecimento da adolescente é um dano irreparável. “A Geane era uma aluna muito querida, a escola está consternada com essa perda irreparável. Uma aluna muito querida que, mesmo com suas limitações por ser uma cadeirante e ter grandes dificuldades motoras e de oralidade, interagia muito com os colegas”, lamentou Aline. 

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Polícia detalha ação do atirador

Segundo o investigador do caso, o delegado Rivaldo Luz, o revólver usado no ataque era do pai do adolescente, um subtenente aposentado no Distrito Federal. “Ele disse que a arma estava guardada. Disse que o filho era introspectivo, calado, tinha poucas amizades, mas era um bom menino, tirava boas notas, embora relatasse que ele tinha faltado muito às aulas, e tinha dificuldade de fazer amizades. Dentro de casa, ele tinha uma boa relação e cuidava, inclusive, de um tio que é cadeirante também. O pai relatou que não consegue entender o motivo que levou a criança fazer isso”, afirmou o delegado. 

Estudante Tiroteio
O adolescente que invadiu uma escola na BA teria anunciado o ataque nas redes sociais. (Foto: Reprodução/Twitter)

As investigações apontam, ainda, que a jovem Geane não era o principal alvo do adolescente. “Ele já entrou atirando, não tinha um alvo fixo, então ele tentou acertar o maior número de pessoas possíveis. Em algum momento, a arma ‘picotou’ [falhou]. Houve uma certa imperícia dele, porque o revólver falhou em alguns momentos. Quando ele conseguiu atirar na entrada do colégio, as pessoas começaram a correr. Ele não teve condição com arma, que só tinha seis balas e ele teria que recarregar – e ele tinha material para recarregar –, ele não teve tempo de executar mais pessoas”, informou Rivaldo.  

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O investigador também relatou que a escola não tinha câmeras internas de segurança, o que poderá dificultar as investigações sobre a dinâmica do ataque. No entanto, as imagens registradas pelos alunos do colégio, que fugiram do ataque, e por moradores, do lado de fora, vão ajudar no desenrolar do caso. Assista:

Relembre o caso

Na manhã desta segunda-feira (26), um estudante, de 14 anos, realizou um ataque armado no Colégio Municipal Eurides Sant’Anna, em Barreiras, na Bahia. O adolescente atirou contra os alunos da escola e acabou matando a colega Geane da Silva Brito, de 19 anos, a facadas. A motivação do crime, no entanto, ainda não está clara.

O autor do crime foi baleado quatro vezes e levado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital Geral do Oeste. O estado de saúde do adolescente é estável, apesar de grave. A polícia ainda não identificou quem efetuou os disparos contra o atirador. A ação foi filmada por alunos e pessoas que estavam na rua, e ganhou grande repercussão nacional.

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Publicações na internet feitas pelo adolescente estão sendo investigadas pela polícia. De acordo com o delegado Rivaldo, o rapaz já chegou a fazer comentários racistas na web, e todo o material publicado por ele será investigado. A polícia ainda investiga a participação dele em ataques que teriam sido praticados em outros estados. “Nós estamos em contato com autoridades de outros estados, porque há indício de relação com outras situações, em outros estados. Ele tinha uma relação na internet muito forte, e nós estamos investigando outras autoridades para conseguir entender os motivos, a forma, se alguém financiou e incentivou de alguma forma, se participou desse atentado“, disse. 

O investigador ainda enfatizou que o menino publicou uma série de mensagens de ódio contra nordestinos, judeus e a comunidade LGBTQIAP+. O adolescente vivia em Brasília e chegou à Bahia em maio deste ano. “Ele é aluno introspectivo, conversava pouco, gostava de usar roupas pretas, de fazer comentários racistas nas suas escritas. Então nós entendemos que ele programou tudo isso”, informou Luz.

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Atirador escrevia textos preconceituosos na internet contra minorias (Foto: Reprodução/ Twitter)

Segundo a Prefeitura de Barreiras, as aulas na escola foram suspensas por uma semana. Além disso, quando receber alta médica, o adolescente seguirá apreendido. O Ministério Público da Bahia (MP-BA) e a Justiça já foram acionados com relação ao ataque, segundo o investigador do caso. “Ele está apreendido. É uma prisão diferenciada, por ele ser menor de idade, mas é uma prisão. Ele está à disposição da Justiça. Estamos em contato com o Ministério Público e o Judiciário, para que a gente consiga mantê-lo apreendido pelo maior tempo possível, até para entender a situação melhor, tomar o depoimento dele e conseguir avançar bastante na investigação“, finalizou Rivaldo. 

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