Polícia aponta o que presa por bolo envenenado ficou sabendo antes de ser encontrada morta

Deise Moura dos Anjos, suspeita em caso de envenenamento, foi encontrada sem vida na manhã de hoje (13)

Suspeita foi encontrada morta na cadeia. (Foto: Arquivo pessoal; Reprodução / g1)
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Deise Moura dos Anjos, principal suspeita de envenenar o bolo que matou três pessoas de uma mesma família, foi encontrada morta na prisão, na manhã desta quinta-feira (13). De acordo com a Polícia Civil, um dia antes de falecer, Deise teria entregado sua aliança de casamento ao advogado.

A presa foi localizada por agentes da Penitenciária de Guaíba, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, onde estava detida desde 5 de janeiro. Segundo informações preliminares, ela apresentava sinais de asfixia, mas ainda tinha pulsação quando foi encontrada, pouco antes das 8h. Apesar dos primeiros socorros prestados dentro da unidade prisional, ela não resistiu. O SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi acionado e confirmou o óbito.

A delegada Karoline Calegari, responsável pela investigação, explicou ao UOL que, por se tratar de uma presa temporária, Deise estava isolada em uma cela de contenção, separada das demais detentas.

De acordo com as autoridades, relatos apontam que a mulher esteve com seu advogado um dia antes da morte. Ela teria ficado sabendo que o marido havia pedido a separação. A Polícia Civil apura a informação de que, na ocasião, Deise teria entregado a aliança de casamento ao profissional. Entretanto, a delegada ressaltou que essa circunstância “ainda está pendente de confirmação“.

Na cela, os agentes encontraram manuscritos que ainda não foram analisados, pois a equipe preferiu preservar o local para a perícia. “A princípio, poderia ser uma carta de despedida ou algo escrito pela própria vítima”, afirmou Calegari.

A principal hipótese da investigação é de que Deise tenha cometido suicídio por asfixia mecânica, mas a causa da morte só será confirmada após a realização da perícia e a oitiva formal de todos os envolvidos.

O corpo da detenta foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para exames. “Assim que a perícia for concluída, os agentes penitenciários, enfermeiras e médicas que prestaram atendimento serão ouvidos ainda hoje”, finalizou a delegada.

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Relembre o caso

Deise dos Anjos era investigada pela morte de três pessoas da mesma família, envenenadas no dia 23 de dezembro, em Torres, ao comerem um bolo. Tatiana Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva tiveram parada cardiorrespiratória, como apontou o hospital. Já Neuza Denize Silva dos Anjos veio a óbito devido um “choque pós-intoxicação alimentar”.

Zeli dos Anjos, sogra de Deise, e um sobrinho-neto, de 10 anos, filho de Tatiana, também consumiram o doce e foram internados. No entanto, já receberam alta. Conforme as investigações, a farinha usada no preparo do bolo estava envenenada com arsênio há pelo menos um mês. De acordo com o delegado Marcos Vinícius Veloso, a suspeita esteve em Arroio do Sal no dia 20 de novembro, quando teria misturado a substância ao ingrediente.

A mulher também estava sendo investigada pelas mortes do sogro, Paulo Luiz dos Anjos, em setembro de 2024, e do próprio pai José Louri da Silveira Moura, em 2020. Paulo faleceu após consumir banana com leite em pó, e José teve como causa da morte, cirrose.

Deise respondia por suspeita de triplo homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e com emprego de veneno, e tripla tentativa de homicídio duplamente qualificada.

Maida, Neuza e Tatiana morreram após comerem o bolo (Foto: Reprodução/TV Globo)
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