Hugo Gloss

Polícia expõe mensagens trocadas e como ex de jovem atacada com soda cáustica planejou crime dentro de prisão

O caso de Isabelly Aparecida Ferreira Moro, jovem de 22 anos atacada com soda cáustica, ganhou um novo desdobramento. Segundo o Ministério Público do Paraná (MP-PR), Marlon Ferreira Neves, ex-namorado da vítima, planejou o crime pelo celular e de dentro do presídio. Ele estava preso por outras infrações quando o ataque ocorreu.

O rapaz de 28 anos teria ordenado a atual companheira, Débora Custódio, a matar Isabelly, com quem ele teve um relacionamento. Conforme o MP, a mulher trocou mensagens com Marlon e, após uma análise dos dados extraídos do celular dela, foi descoberto que o detento orquestrou o crime. Ele foi denunciado e virou réu por tentativa de homicídio. A defesa disse que vai recorrer da decisão.

As mensagens trocadas

“Eles conversam sobre o disfarce, sobre a peruca, sobre a roupa, como ela iria se esconder depois que praticasse o crime. Ele exerce uma pressão nela para cometer o crime. Em alguns momentos, ela diz que não vai fazer, chega a recuar na prática do crime, mas ele determina que ela faça”, informou a delegada Caroline Fernandes, responsável pelo caso.

De acordo com as autoridades, a acusada chegou a estudar a rotina de Isabelly para surpreendê-la. As investigações ainda apontaram que áudios armazenados do celular de Débora indicam a motivação do crime e que Marlon tinha um “verdadeiro domínio do fato criminoso”.

Em uma nota, os advogados Jean Campos e Laís Vieira, que representam Débora, afirmam que sua cliente agiu “sob coação, executando o crime por medo e temor, sem ter outra alternativa”.

Já advogado Igor Ogar, que defende o acusado, declarou que Marlon não cometeu tentativa de homicídio. Por esta razão, o detento “não pode responder por algo além do que praticou, pois não existe nada que prove dolo na sua conduta”, segundo Ogar.

Jovem foi atacada com soda cáustica quando ia para a academia. (Foto: Reprodução/ g1)

O ex-namorado de Isabelly tem condenações por crimes anteriores. Ele está preso preventivamente desde fevereiro de 2024, por roubo majorado por concurso de pessoas e emprego de arma branca. De acordo com o MP, após tomar conhecimento dos áudios no celular de Débora, a Polícia Civil instaurou um novo inquérito para apurar a conduta do homem.

Ele foi denunciado por tentativa de homicídio qualificado. A denúncia considerou também as qualificadoras de uso de recurso que dificultou a defesa da vítima, emprego de meio cruel, feminicídio e motivo torpe. Para o órgão público, o delito foi cometido por Marlon em razão do sentimento de posse que nutria em relação à ex-namorada e de vingança pelo término do relacionamento. A denunciada, por sua vez, agiu motivada por ciúme e inveja da vítima.

O crime

Isabelly Aparecida retornava da academia em Jacarezinho, no Paraná, no dia 22 de maio. Nas imagens registradas por câmeras de segurança da vizinhança, é possível ver a jovem caminhando tranquilamente, vestindo um boné laranja. Segundos depois, ela volta correndo da direção oposta, visivelmente agitada, e chega a pedir ajuda para um homem que estava parado na calçada.

A vítima cai no chão, antes de se levantar mais uma vez e correr para uma segunda pessoa. Isabelly sofreu queimaduras no rosto, peito e na boca, e foi internada no mesmo dia do ataque. Ela recebeu alta do hospital no dia 8 de junho. Assista:

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