Na manhã desta quarta-feira (3), a Polícia Federal faz buscas na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro, em Brasília. As autoridades prenderam seis suspeitos na Operação Venire, contra dados falsos de vacina. Um deles foi o tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, ex-ajudante de ordens e braço direito de Bolsonaro. Os celulares do ex-presidente e de sua esposa Michelle foram apreendidos.
Segundo a GloboNews, as autoridades cumprem 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva em Brasília e no Rio de Janeiro. Os agentes investigam um grupo suspeito de inserir dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. Jair Bolsonaro não foi alvo de mandado, mas deve ser chamado a prestar depoimento ainda hoje. A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, dentro do inquérito das “milícias digitais”.
De acordo com a PF, os dados da família Bolsonaro foram adulterados para que eles pudessem entrar nos Estados Unidos, para onde viajaram em 30 de dezembro, dias antes dele deixar o cargo no Executivo. Além do ex-presidente, o cartão de vacina de Laura, sua filha mais nova, também foi modificado. Michelle Bolsonaro, no entanto, teria se vacinado nos EUA antes de retornar ao Brasil. Cid Barbosa, a esposa e a filha também teriam forjado os certificados de vacinação. Segundo a GloboNews, as mudanças teriam sido feitas em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.
“As inserções falsas, que ocorreram entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, tiveram como consequência a alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, a condição de imunizado contra a Covid-19 dos beneficiários. Com isso, tais pessoas puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes imposta pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa, no caso, a pandemia de Covid-19”, disse o trecho da operação obtido pela emissora.
De acordo com os policiais, Jair Bolsonaro e os demais envolvidos não queriam dar o braço a torcer sobre a eficácia da vacina: “Seria para manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas, além de sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19”.
As condutas investigadas pela Polícia Federal podem configurar crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores. Neste momento, todas as prisões já foram cumpridas.
Além do tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, o secretário municipal de Governo de Duque de Caxias João Carlos de Sousa Brecha, o policial militar Max Guilherme e o militar do Exército Sérgio Cordeiro também foram levados. Os dois últimos atuavam na proteção presidencial de Bolsonaro.
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