A Delegacia de Investigações Gerais de São Carlos, interior de São Paulo, está investigando os alunos de medicina da Universidade Santo Amaro (Unisa) que simularam uma “masturbação coletiva” durante um jogo universitário de vôlei feminino. A informação foi confirmada pela Polícia Civil ao g1, após um vídeo causar revolta nas redes sociais.
De acordo com uma nota da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, assim que tomou conhecimento dos fatos, a DIG iniciou as diligências para apurar o ocorrido e obter o “total esclarecimento dos fatos”. O órgão, no entanto, não apontou por quais crimes os estudantes estão sendo investigados.
Nas imagens que rodaram a web neste fim de semana, mais de 20 homens aparecem correndo na quadra com calças abaixadas, encenando uma “Volta Olímpica”. Em outro vídeo, eles simulam uma masturbação, no que fora chamado de “punhet*ço”. O caso aconteceu durante jogos universitários ocorridos em São Carlos, entre 28 de abril e 1° de maio. O Metrópoles afirmou que seis dos participantes teriam sido expulsos.
Estudantes de medicina simulam "masturbação coletiva" em competição universitária pic.twitter.com/uSCapLRUOT
— WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) September 18, 2023
Até o momento, a Universidade Santo Amaro não se manifestou sobre o caso, mas o Ministério da Educação notificou a instituição e deu um prazo de 15 dias para uma atitude. “Em relação ao episódio que envolveu estudantes do curso de medicina da Universidade de Santo Amaro (Unisa), durante partida de vôlei feminino, o Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres), já notificou a instituição para apurar quais as providências tomadas pela Unisa em relação aos fatos ocorridos, sob pena de abertura de procedimento de supervisão e adoção de medidas disciplinares”, disse a nota.
Além da determinação do MEC, a universidade também está sendo cobrada pela União Nacional dos Estudantes. “Nós recebemos essa denúncia com muita revolta, é repugnante o que aconteceu nesses órgãos internados. Estamos cobrando um posicionamento diretamente da Unisa que até agora não se posicionou”, afirmou Manuella Mirella, presidente da UNE.
“Lançamos também uma cartilha da UNE explicando o que fazer e como podemos combater essa violência que acontecem quase que livremente. O que esses alunos homens pensam? Esse sentimento de impunidade, de que nada vai acontecer e isso não é verdade, por isso, cobramos um protocolo para que esses estudantes sejam punidos no rigor da lei. Ser mulher no Brasil é difícil, e ser mulher universitária é mais difícil ainda”, acrescentou Manuella.
Já o Ministério das Mulheres reforçou que atos como esse fazem parte de uma cultura misógina. “Romper séculos de uma cultura misógina é uma tarefa constante que exige um olhar atento para todos os tipos de violências de gênero. Atitudes como a dos alunos de Medicina, da Unisa, jamais podem ser normalizadas — elas devem ser combatidas com o rigor da lei”, esclareceu o comunicado.
E concluiu: “O Ministério das Mulheres reforça seu compromisso de enfrentar essas práticas que limitam ou impossibilitam a participação das estudantes como cidadãs. Vamos seguir trabalhando para que as universidades sejam espaços seguros, livres de violência”.
Em parceria com o @min_educacao, o Ministério das Mulheres reforça seu compromisso de enfrentar essas práticas que limitam ou impossibilitam a participação das estudantes como cidadãs. Vamos seguir trabalhando para que as universidades sejam espaços seguros, livres de violência.
— Ministério das Mulheres (@mindasmulheres) September 18, 2023
Outros políticos e influenciadores também se manifestaram sobre o caso, entre eles Felipe Neto e as deputadas Marina do MST (PT) e Talíria Petrone (PSOL-RJ). Saiba mais detalhes, clicando aqui.