Dois jovens negros foram assassinados em Belford Roxo, cidade da Baixada Fluminense, na madrugada deste sábado (12). Dois policias militares são suspeitos do crime e foram presos. Um vídeo do momento, obtido na íntegra pelo UOL, mostra que as vítimas estavam andando de moto quando foram parados por um dos agentes, com a arma levantada.
Nas imagens, é possível ver um clarão saindo do revólver do oficial, indicando que um tiro havia sido disparado. Nesse momento, os jovens caíram no chão e não demonstraram nenhuma resistência. Os registros não revelam qualquer motivação para a abordagem e para o disparo.
O que se vê em seguida é que o mesmo policial que atirou, chuta um dos meninos. Os dois jovens ainda estavam com vida e conseguiam caminhar, entrando na viatura da polícia. Pode-se observar que um dos garotos aparece mais tarde com uma camiseta amarrada na cabeça, local em que parece ter acontecido uma lesão.
Na tarde do sábado, os corpos das vítimas foram encontrados em uma região conhecida como Babi, apenas alguns quilômetros de distância da ocorrência. O caso está sendo investigado pela DHBF (Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense). O vídeo na íntegra foi apresentado pelas famílias dos jovens no 39º BPM (Belford Roxo)
Os policiais militares que aparecem nas filmagens são Julio Cesar Ferreira dos Santos e Jorge Luiz Custodio da Costa. Diante dos registros, eles voltaram ao batalhão para prestar depoimento e, em seguida, foram encaminhados à DHBF, onde lhes foi dado voz de prisão em flagrante. A perícia que foi feita no local do crime encontrou o que parecia ser sangue no chão e nos tapetes da viatura.
Confira o vídeo:
No dia do ocorrido, os oficiais deixaram seus plantões sem relatar nada aos seus superiores. Nenhum disparo foi registrado no livro de controle de armamento do dia, contrariando o tiro visto no vídeo. Neste domingo (13), a prisão em flagrante foi convertida em preventiva pelo Juízo da Central de Custódia.
O juiz Rafael Rezende afirmou existirem indícios de autoria e prova de materialidade de homicídio qualificado, e julgou ser necessária a prisão preventiva para manter o andamento regular da instrução do processo.
“Há fortes indícios de que os custodiados, com o objetivo de encobrir uma abordagem policial malsucedida, deram cabo da vida das vítimas de forma a ocultar suas condutas pretéritas, restando evidente que a prisão cautelar é necessária para a garantia da ordem pública“, pontuou o magistrado.
“Ademais, o simples fato de os custodiados não terem registrado a ocorrência em nenhuma delegacia, tampouco encaminhada a outro órgão, tendo deixado o plantão sem nada relatar aos seus superiores, demonstra que não pretendem colaborar com as investigações, sendo certo que o regular andamento da instrução criminal deve ser garantido pela segregação preventiva“, completou.
A Polícia Militar disse, em nota, que os oficiais foram ouvidos pela 3ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar e que as armas, “tanto as da corporação quanto as particulares“, foram recolhidas pela Polícia Civil. A PMERJ afirmou ainda que todas as medidas necessárias foram tomadas imediatamente, assim que a corporação ficou sabendo dos fatos.